Presos suspeitos por chacina em Ibicuitinga negaram participação no crime

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Paixão Batista, de 43 anos; Francisco Silva, de 21 anos; Lorrana Nobre, de 17 anos; e Antônio Cláudio Sena dos Santos, de 44 anos; as vítimas da chacina de Ibicuitinga (foto: Acervo pessoal)

Vinte dias após a chacina que deixou quatro mortos em Ibicuitinga (Sertão Central do Estado), três homens estão presos suspeitos de envolvimento no crime. Eles negam terem participado da matança e trazem versões conflitantes em seus depoimentos. O trio também foi preso por outros crimes que não a chacina.

Conforme Relatório Técnico elaborado pelo Departamento de Inteligência Policial (DIP) da Polícia Civil,  informações das equipes de campo apontam que o crime foi praticado por membros do CV. “Possivelmente”, diz o relatório, algumas das vítimas colaborariam com a GDE e isso teria motivado o crime.

Depoimento do primeiro suspeito, autuado por porte ilegal de arma de fogo, aponta que a chacina ocorreu porque, no bar onde as vítimas foram mortas, costumava haver reuniões de integrantes da GDE.

Inclusive, conforme “informações que rolam” — afirmou o suspeito, que terá a identidade preservada — o assassinato do irmão de um dos supostos envolvidos com a chacina (e que ainda não foi preso), teria ocorrido após uma reunião no bar.

O depoimento ainda cita nomes de pessoas que poderiam ter relação com o crime. “Na cidade de Ibicuitinga se sabe que quem matou a família da Paixão (Maria Paixão Batista Barbosa, uma das vítimas) foi, dentre outras pessoas, [diz o nome de dois suspeitos]“.

Ainda são citados os nomes de outras quatro pessoas que teriam participação no bando que praticou a execução, incluindo o de Antônio Jonh Lennon de Araújo Pinheiro, de 33 anos, preso no dia 13 por causa de um mandado de prisão por roubo. Conforme a fonte, Jonh Lennon era da GDE, mas estava sendo punido pois “estava roubando muito na região”.

Jonh Lennon, entretanto, negou participação na chacina, dizendo que tinha amizade com as vítimas e que, inclusive, Maria Paixão costumava ajudá-lo. Ele afirmou que não ia a Ibicuitinga há cerca de 45 dias, desde que soube que havia um mandado de prisão em aberto contra ele por roubo.

O suspeito disse que, no dia da chacina, estava no Sítio Santa Rita, localizado na Zona Rural de Limoeiro do Norte, onde viria a ser dois dias depois do crime. Por fim, Jonh Lennon disse que não havia saído da GDE e que, conforme ele, dois dos homens apontados pelo primeiro preso como tendo participação na chacina eram colaboradores da GDE.

O terceiro suspeito preso é Anderson da Silva, conhecido como Dandan, localizado em Pacajus no dia 15 de fevereiro após uma denúncia anônima informar que ele tinha participado da chacina. Em depoimento, ele também negou ter participado no crime. Anderson disse que morava em Pacajus há três anos e confirmou ser integrante do CV, mas que estava “quieto, trabalhando como servente e indo à igreja”.

Questionado sobre um vídeo que estava circulando nas redes sociais que mostrava ele, ao lado de dois homens, ostentando arma de fogo e fazendo alusão ao CV, Anderson disse que a gravação era de 2020. Ele foi autuado em flagrante por integrar organização criminosa.

O POVO procurou a Polícia Civil para saber mais informações sobre o caso, mas, em nota, a corporação afirmou que “detalhes do trabalho policial não serão revelados para não comprometer o andamento das investigações”. “Diligências e oitivas permanecem, com foco em identificar e prender outros partícipes nas ações criminosas”.

A Polícia já havia divulgado que Jonh Lennon desconfiava que Maria Paixão estava repassando informações para um outro grupo criminoso. Um filho dela seria integrante do grupo criminoso comandado por Jonh Lennon, tendo sido preso em janeiro.

Além de Maria Paixão, foram mortos na chacina o companheiro dela, Antônio Cláudio Sena dos Santos, de 44 anos; a filha de Maria, Lorrana Nobre, de 17 anos, que estava grávida de quatro meses; e o namorado de Lorrana, Francisco Silva, de 21 anos. O neto de Maria, de três anos, também foi baleado na ação.

Conteúdo: Opovo