EXCLUSIVO: Homem confessa que quebrou imagens do Santuário de Quixadá em ato de fúria e vai aguardar inquérito em liberdade

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Imagens amanheceram quebradas e túmulo de um sepultado no local também foi vandalizado (foto: reprodução whatsapp)

Quixadá: O homem que violou as imagens sacras na subida do Santuário Rainha do Sertão em Quixadá, confessou para a Polícia Civil que quebrou as esculturas em um ataque de fúria, e que não foi motivado por questões políticas. Diferente do informado pela Diocese de Quixadá, ele tem 24 anos e não foi preso, devendo aguardar a conclusão de um inquérito em liberdade.

As informações foram confirmadas com exclusividade ao Revista Central pelo delegado João Alberto, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Quixadá. O homem confessou o ato na delegacia, onde prestou depoimento sem presença de advogados. Ele não teve a identificação revelada.

Segundo o delegado o homem que quebrou as imagens é parente de um dos envolvidos em um arrastão, registrado na noite de domingo (16) na localidade de Uruquê em Quixeramobim. O suspeito fugiu depois de ser baleado ao trocar tiros com a Polícia e o homem buscava pelo parente na Serra do Urucun. Depois de pedir ajuda a uma pessoa que passava pelo local e ser ignorado, ele teve um ataque de fúria.

“Ele estava sentado em uma sepultura e passou uma pessoa que perguntou o que ele estava fazendo lá, e ele disse que estava procurando por um parente. Mostrou a foto e a pessoa disse que o parente dele era bandido. Ele se revoltou e saiu quebrando as imagens, utilizando as mãos”. Para o delegado o depoimento do homem descarta a hipótese de motivação política ou religiosa. “Inclusive ele até disse que era católico”, disse João Alberto.

Entenda o caso

Embora o vídeo com as imagens sacras quebradas tenha sido divulgado na quinta-feira (20), o vandalismo foi praticado um dia antes, na tarde da última quarta-feira (19), mas a Polícia ainda não sabia. As equipes foram à Serra do Urucum na tarde do mesmo dia fazer buscas pelo suspeito fugitivo da ação no Uruquê e encontraram o homem na mata.

Imagens teriam sido danificadas na tarde de quarta-feira (19)

“Quando ele percebeu a nossa chegada ele disse: ‘Estou com a mão na cabeça, desarmado e quero me entregar’. Estava visivelmente alterado”, conta João Alberto. Àquela altura as imagens já tinham sido quebradas e o homem fez o gesto de rendição por achar que a Polícia queria prende-lo.

Foi somente na manhã de quinta, quando um funcionário da Diocese de Quixadá abriu um boletim de ocorrência para comunicar o fato na Delegacia, que os policiais entenderam porque o homem estava se rendendo no dia anterior. “Ele achou que estávamos lá buscando o suspeito pelo ato de vandalismo, mas a gente nem sabia ainda”, explica o delegado.

Porque não foi preso? 

Uma vez descoberto o autor, o trabalho agora é colher depoimentos de testemunhas e outros envolvidos, para reunir com o depoimento do homem e produzir um inquérito. Durante a confissão do crime, o homem de 24 anos revelou que tomava remédios controlados e estava alterado, sob efeito de altas doses da medicação que havia tomado. “Ele vai aguardar em liberdade nesse primeiro momento, e quando eu concluir vou enviar para o Juiz para decidir se há necessidade de prisão ou não”, explica o delegado de Quixadá.

O oficial esclarece porque, embora tenha confessado o ato de vandalismo, o homem não permaneceu preso. “O Código Penal diz que eu preciso de alguns requisitos (para efetuar o flagrante): a pessoa esteja cometendo o crime, ou que tenha acabado de cometer ou que em perseguição, consiga prender logo após por ter cometido o crime. Ele não se enquadra em nenhuma desses requisitos porque quando desconfiamos da ação, era já um dia depois, ele estava em casa quando foi trazido para a Delegacia e confessou o ato. Se eu prendesse, seria uma prisão ilegal”, diz.

O suspeito deve responder pelos crimes de danos e violação de sepultura e pode ser preso, caso a Justiça entenda que há necessidade de cumprir pena em regime fechado. O período para produzir a peça investigativa é de até 30 dias, mas o delegado pretende entregar o material antes. Uma perícia deve ser feita para detalhar as ações e como o homem agiu.