Matando mais do que guerras e malária, suicídio deve ser tema trabalhado de forma permanente o ano todo

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todos os anos morrem mais pessoas se suicidando do que por HIV, malária ou câncer de mama (Foto: divulgação)

Até pouco tempo o mês de setembro era apenas como outro qualquer. Mas há oito anos a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), vestiram o mês de amarelo e iniciaram uma campanha pujante que ano após ano, desperta ainda mais a atenção da população: o combate ao suicídio. Um problema sério que mata cerca de 800 mil pessoas por ano, segundo os mais recentes dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em todo o planeta alguém se suicida a cada 40 segundos, mais ou menos o tempo que você levou para abrir o link, ler a manchete, o parágrafo acima e chegar até aqui. De acordo com a OMS todos os anos morrem mais pessoas se suicidando do que por HIV, malária ou câncer de mama. São mais pessoas mortas tirando a própria vida do que as que morrem na guerra. Para ter um exemplo, a agência de notícia Reuters aponta que o conflito entre Rússa e Ucrânia matou 50 mil civis.

Os números convencem que o suicídio é um problema alarmante. O fator dúvida reside na questão de que pouco se fala dele, é um mal silencioso, por isso não deve ser discutido apenas em setembro. Nós do Revista Central resolvemos falar no assunto na última semana do mês, para alertar você que aí do seu lado, pode ter alguém agora precisando de ajuda, mesmo com o mês de outubro chegando e daqui a pouco já ser Natal.

Senta aqui, vamos conversar!

Andréa Vida, psicóloga e coordenadora do SPA: “Combate ao suicídio deve ser anual” (Foto: arquivo pessoal)

Para a mestra e psicóloga Andréa Alexandre Vidal, professora de psicologia da Unicatólica de Quixadá, a melhor maneira de trabalhar o suicídio é falando sobre ele. “É interessante que as pessoas que estão próximas a quem está com ideia suicida, como a família e os amigos, estar sempre alerta para o discurso destas pessoas e as condições que estão apresentando. O que você está sentindo? O que posso fazer pra ajudar? Como você acha que seria melhor para essa tentativa parar?”, orienta.

Com mais de 20 anos de experiência na área, Andréa Vidal também endossa o entendimento sobre a importância de trabalhar a prevenção ao suicídio durante todo o ano. “É legal o setembro amarelo? sim, é o mês que todas essas ações estarão proliferadas, mas esse deve ser um combate anual que tanto as redes de apoio quanto as políticas públicas e da saúde, devem estar preparadas o ano todo para receber essas demandas que são constantes”, avalia a mestra e professora.

SPA do curso de Psicologia da Unicatólica oferece atendimento gratuito para a população (Foto: reprodução Unicatólica)

Ajuda em Quixadá

O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar qualquer pessoa. Não depende da idade, da nossa raça ou do sexo. É o resultado de um misto de fatores psicológicos, biológicos, culturais, sociais, e está longe de ser um problema simples, não é apenas resultado dos acontecimentos pontuais na história do indivíduo. É a consequência final de um processo.

Dada a complexidade do diagnóstico, a busca pelo atendimentos em clínicas só cresce, mas nem sempre as janelas de acesso pela rede pública estão abertas para quem precisa. Nesse sentido, o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), da Unicatólica, preenche uma lacuna na região Central e circunvizinhas, oferecendo atendimento a toda a população de forma gratuita. “É a nossa clínica escola onde acontecem os estágios. Os atendimentos são feitos por alunos, todos sob a supervisão de professores”, reforça Andréa, que coordena o SPA. Os atendimentos ocorrem por triagem. A clínica funciona de segunda a sexta, as oito da manhã até às 21h. “Começamos a atender a partir dos cinco anos de idade, até a idade da velhice”.

No SPA é possível encontrar desde os serviços de psicoterapia individual, familiar ou casal, até a orientação profissional. A clínica também oferece o plantão psicológico, é como um consultório de um posto de saúde que atende pacientes em crise. A ação pioneira na região se consolidou e hoje há até fila de espera para atendimento. “Um dos objetivos maiores da unicatolica é a responsabilidade social, voltar esses serviços principalmente para a população mais carente para melhora da qualidade de vida”.

Entender ajuda

Tirar a própria vida é uma prática antiga, mas foi só com a popularidade como livros que se propõem a discutir o assunto, como o clássico Crise Suicida, de Neury Botega, e de séries na TV por assinatura e no streaming, como a 13 reasons Why lançada pela Netflix em 2017, que o assunto vem deixando de ser tabu e se tornando pauta atual. Naquele mesmo ano um jogo online desafiava adolescentes a causar lesões no corpo. A última fase era o suicídio. Envolta numa espécie de lenda urbana o jogo Baleia Azul, assim como a série, colocaram o assunto suicídio na ordem do dia.

Deixar de lado o tabu significa aprofundar a discussão para ajudar quem sempre precisa, seja na clínica, seja numa conversa, conforme explica Andréa Vidal. “A depressão e a ansiedade podem problematizar na idealização e na tentativa de suicídio. Então, a população deve estar atenta porque as vezes uma pessoa deprimida traz todos os sinais, mas outras vezes ela fica silenciosa, fica disfarçada. Se você conhece essa pessoa, está próxima a ela e ela está aberta ao diálogo, diga que a psicologia é um dos serviços que pode trazer essa pessoa para uma realidade de forma mais tranquila”.

SERVIÇO:
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188
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