O Governo Federal atualizou, nesta sexta-feira (12), a lista dos 10 criminosos mais procurados do Brasil e seus crimes. Entre os dez está Álvaro Daniel Roberto, conhecido como “Caipira”, preso em 2013 em Fortaleza acusado de comandar um núcleo que enviava cocaína para a Europa usando rotas que partiam do Paraguai, Bolívia e Peru.
De acordo com o governo, “Caipira” foi denunciado junto com mais 20 pessoas acusadas de tráfico internacional e associação para o financiamento ao tráfico. As investigações apontam que Álvaro controlava o tráfico a partir de São Paulo. O traficante obteve transferência para Juiz de Fora (MG) e lá conseguiu prisão domiciliar.
A lista foi atualizada após a prisão de Danilo dos Santos Albino, de 38 anos. O documento com os nomes dos mais procurados é informado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Quase todos os criminosos tem atuação no Brasil e em países do Mercosul. A maioria foi condenada ou é suspeita de tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Juiz suspeito de beneficiar ‘Caipira’
Em 2014, ao investigar a quadrilha, a polícia encontrou várias sentenças assinadas pelo juiz Amaury de Lima e Souza beneficiando traficantes, entre eles ‘Caipira’, preso em Fortaleza.
Segundo a polícia, a ‘peça’ seria o alvará de prisão domiciliar que o juiz concedeu a ‘Caipira’. Segundo a polícia, a ida do traficante de Fortaleza para Juiz de Fora foi uma manobra da quadrilha para tirá-lo de trás das grades com ajuda do juiz Amaury. A defesa apresentou um atestado médico afirmando que o traficante precisava de uma cirurgia urgente.
“Certidões falsas, comprovantes de residências falsos, levando esse preso de um estado para a base Juiz de Fora. As provas produzidas dão conta que ele participava, ele não julgava, ele era participante da organização criminosa”, disse na época Sérgio Menezes, Superintendente da PF-MG.
Além de determinar a prisão domiciliar, o juiz permitiu que o criminoso viajasse sem escolta. A advogada Andréa Rodrigues foi buscá-lo, em Fortaleza, em um avião particular.
Em Juiz de Fora, a polícia interceptou uma comunicação entre integrantes da quadrilha:
Zoi: Será que não arruma uns R$ 500 mil até amanhã? Que tenho que pagar o juiz. Que o amigo saiu da cadeia. Mas tenho que pagar, amanhã, R$ 600 mil.
No dia seguinte, foi em um estacionamento de um hotel em Juiz de Fora que, segundo as investigações, o juiz recebeu o pagamento pela venda da decisão judicial. Tudo foi registrado, comprovando o encontro dele com a advogada do traficante. A polícia afirmou também que horas antes do encontro com o juiz, a advogada esteve no mesmo hotel com o traficante Álvaro Daniel, que já tinha saído da penitenciária para cumprir pena em Juiz de Fora.
O juiz Amaury teve os bens apreendidos na época das investigações.
Com informações do G1