Região Central: Depois de quase três semanas de atraso, o Conselho Estadual de Preservação de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa), aprovou, por unanimidade, o tombamento do sítio arquitetônico do Campo de Concentração do Patu, em Senador Pompeu, no interior do Ceará. A solenidade aconteceu na tarde desta segunda-feira (8), na sede da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), com a presença de autoridades.
O tombamento em definitivo do sítio histórico ocorreu mediante uma reunião do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (Coepa). Apesar de sua relevância histórica para o Ceará, para a história do enfrentamento da seca no nordeste, e da história do Brasil como um todo, o tombamento foi adiado por duas vezes.
A primeira vez deveria acontecer no último dia 21 de julho mas foi desmarcada. Foi remarcada para o dia 26 de julho mas também não aconteceu. Desde então moradores de Senador Pompeu aguardavam pelo tombamento definitivo do sítio arquitetônico. Para quem mora na cidade, a iniciativa carrega um peso e significado imensurável. Até que finalmente, o ato foi celebrado nesta segunda.
O tombamento é o resultado de uma parceria entre o titular da Secult, Fabiano Piúba; o reitor do IFCE, Wally Menezes, o prefeito de Senador Pompeu, Maurício Pinheiro e o deputado estadual Acrísio Sena. “Considero que é a memória de um fato histórico lamentável que não deve nunca mais se repetir. Além de isolados e confinados, os retirantes eram explorados como mão de obra escrava em obras públicas”, relata Acrísio que também é historiador e vice-presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa.
Durante a solenidade foi realizada uma apresentação de instrução de Tombamento do Sítio do Patu, feita pela restauradora da Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (COPAM), Jéssica Ohara, que aproveitou e fez uma breve explanação sobre a importância da conservação desse patrimônio histórico do Ceará.
O que é esse local?
O Campo de Concentração do Patu (nome que também batiza o açude do município) é o único dos dez campos de concentração instalados no Ceará, entre 1915 e 1932, que permanece com ruínas de pé. O local tem 12 construções de estilo neo-colonial, abandonadas por empresas inglesas que iriam construir o Açude do Patu.
O local chegou a receber aproximadamente 20 mil flagelados da seca no Ceará. A estimativa é de que 8 a 12 mil deles tenham morrido de fome e doenças no lugar, dado não oficializado pela falta de certidões de óbito. Era para lá que essas pessoas eram enviadas, para que fossem retiradas das ruas em busca de comida, e desta maneira, numa manobra política, o clima da cidade ficasse menos tomado por mendigos, retirantes e flagelados.
O local atualmente consiste em um canteiro de obras com 12 casarões, 160 casas de taipa e três casas de pólvora. Calcula-se que morreram cerca de 12 mil pessoas, mais da metade dos concentrados, tanto que foi criada a ‘Caminhada da Seca’, que reúne anualmente, desde 1982, mais de cinco mil pessoas”, afirma ele no projeto.