Região Central: Para o cearense chuva é importante não só pelo estilo de vida e a cultura de plantar e esperar chover para colher e ter fartura. Para o cearense chuva também é importante porque no Ceará tem açude, local onde a água fica guardada para garantir vida boa quando ele está cheio, ou vida difícil quando ele “não pega água”, como dizem os mais velhos.
Passado os quatro meses oficiais de chuva no Ceará, que vai de fevereiro a maio, o cearense tem notícia de sobra pra se animar: a situação de água acumulada nos açudes é a melhor desde o ano de 2013, ou seja, a maior recarga nos quase últimos dez anos. Os dados são da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Embora em situação bem abaixo do desejado, mas quem já se encontra num cenário bem mais confortável do que no passado, é o açude Pedras Brancas, importante reservatório que garante o abastecimento da cidade de Quixadá. O açude que fica na bacia do Banabuiú se recuperou de um baque de seguidos anos de seca e terminou o período chuvoso com mais de 9%% de acumulado.
Um resultado como esse no Pedras Brancas só foi observado pela última vez em agosto de 2020. Desde então, ele vinha perdendo água para garantir a demanda de consumo e abastecimento. Mas as boas chuvas de 2022 fizeram o reservatório aos poucos ir tomando água. Conforme os dados do Portal Hidrológico do Ceará, sistema de monitoramento de açudes administrado pela Cogerh, até esta segunda-feira (6) o açude já acumulava 9,13%.
Pode até parecer pouco, mas é muito se considerarmos que até poucos meses atrás, a situação do Pedras Brancas era de dar pena e dó. O Revista Central chegou a mostrar cenários do passando quando o açude praticamente chegou a seus piores índices dos últimos 20 anos. E agora com a força das chuvas, volta a acumular água. Os aportes têm sido tão significativo que, para se ter uma ideia, somente nos últimos cinco dias o açude ganhou 2% de água.
Situação confortável no Ceará
O cenário do Pedras Branca é praticamente o mesmo em todo o Ceará. A situação de água acumulada nos açudes é a melhor desde o ano de 2013, ou seja, a maior recarga nos quase últimos dez anos, conforme os dados da Cogerh. O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, destaca que o aumento do armazenamento deve garantir que, com base em estudos, o abastecimento humano em todo o estado em situação confortável pelos próximos dois anos.
Segundo levantamento realizado pelo setor de monitoramento da Cogerh, só em maio deste ano foram contabilizados 0,71 bilhões de m³ de aporte, valor superior a maio de 2021, quando os números foram de 0,54 bilhões de m³. A quadra chuvosa deste ano possibilitou, por exemplo, a recuperação parcial do Açude Castanhão, o maior do Ceará. O reservatório hoje registra marca de 23% de volume, quando no início do ano marcava pouco mais de 8%.
Mas o valor da água está na forma como ela é utilizada. Por isso o Diretor Presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, explica que o panorama traz certa tranquilidade, mas ainda inspira cuidados, principalmente nas regiões onde os aportes não foram tão expressivos, como é o caso da Bacia do Banabuiú, no Sertão Central do Estado, da Bacia do Médio Jaguaribe (onde está o Castanhão), e da Bacia dos Sertões de Crateús.