O brasileiro André Luís Hack Bahi, de 43 anos, que morreu lutando durante a guerra na Ucrânia, não terá suas cinzas jogadas sob Quixadá, como foi confirmado por sites e pela família do brasileiro há cerca de uma semana. A informação foi corrigida ao Revista Central pela esposa de André e uma irmã dele. Além disso a família enfrenta um drama: eles não possuem condições financeiras de trazer o corpo para o Brasil e o Itamaraty não se responsabiliza pelo translado.
Na última semana o Revista Central conversou com a irmã de André, Letícia Hack Bahi, e com a esposa do brasileiro morto, Riana Moreira, de 30 anos. Sites de notícias divulgaram com base em um depoimento de Letícia, que André seria cremado e que as cinzas seriam jogadas em Quixadá, onde ele possivelmente vivia.
Desde então a notícia se espalhou e chegou até a comover e gerar expectativa entre os quixadaenses, mas conforme Riana, “tudo não passou de um mal entendido”, já que André Hack não morava em Quixadá. “Foi um desencontro porque eles achavam que eu morava em Quixadá, mas na verdade eu moro em Maranguape. Eu e ele já morávamos juntos aqui quando ele foi para a Guerra”, disse Riana por telefone.
Se tudo correr conforme o planejado, o corpo do brasileiro “vai ser cremado e (as cinzas) vão ser jogadas no mar”, detalha Riana Moreia. Mas até que isso aconteça a família enfrenta uma enorme burocracia. O translado do corpo é caro e eles afirmam não dispor de recursos para pagar o procedimento.
“Explicamos que não temos condições do corpo vir e arcarmos com os gastos. A gente não tem, nem meu pai nem minha mãe, não tem esse dinheiro”, disse Letícia Hack por telefone ao Revista Central. Além da incerteza se o corpo vem ou não para o Brasil, o Itamaraty teria afirmado a uma filha de Letícia que a cremação não será feita na Ucrânia. “Achávamos que ele já vinha cremado, mas pode ser que o corpo venha inteiro”, disse.
Gaúcho com enorme fixação por questões de guerra e assuntos bélicos, André Hack Bahi já tinha morado na França, em Fortaleza e teve uma rápida passagem por Quixadá, onde conheceu a esposa durante um treinamento para socorristas. “Depois que eu o conheci, a gente ficou conversando e ele veio diretamente para Fortaleza”, afirmou Riana.
O Ministério das Relações Exteriores e pelo Itamaraty confirmaram a morte do brasileiro no último dia 9 de maio. Ele foi atingido por tropas russas em meio ao conflito com a Ucrânia, país que André defendia voluntariamente. Ele integrava a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, uma espécie de exército independente que combatia a ofensiva russa no País.
Um dia após a morte de André Hack, o Itamaraty afirmou em nota à BBC Brasil que “o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos”. A família tenta reverter essa situação, mas sabe que ainda deve enfrentar um logo caminho.
“Nós não temos nada certo ainda, não temos nada de prazo. Eles estão trocando comunicação intermediada por Brasília com a minha filha, que contou que não temos condição de trazer o corpo, e estamos aguardando um novo episódio”, disse Letícia. Enquanto isso, segundo a BBC Brasil, o corpo de André aguarda em um necrotério, na cidade de Severodonetsk, no leste da Ucrânia, onde os confrontos vêm se intensificando.