Zé do Valério senta no banco dos réus nesta quarta (25) e será julgado pela morte de estudante universitária

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Zé do Valério foi preso após mais de dois meses de perseguição — Foto: Reprodução

Região Central: Três anos depois de chocar os cearenses após ser apontado como o principal suspeito de um crime bárbaro e covarde, o vaqueiro José Pereira da Costa, conhecido como Zé do Valério, senta no banco dos réus nesta quarta-feira (25) e será finalmente julgado pelo crime contra a jovem universitária Daniele Oliveira de Sousa, de Pedra Branca.

O julgamento de José Pereira começou às nove da manhã, no Fórum Clóvis Beviláqua em Fortaleza. Familiares da vítima prometeram realizar uma manifestação uma hora antes do início do julgamento, pedindo por justiça. A sessão acontece no primeiro salão do Fórum e será presidida pelo juiz titular da 3ª Vara do Júri de Fortaleza.

Zé do Valério estará no local, e conforme normalmente ocorre nos julgamentos, será colocado de frente para testemunhas, acusação, defesa e o juiz. Sete pessoas serão ouvidas no julgamento, duas de defesa e cinco de acusação entre eles os principais familiares de Daniele: a mãe Maria Antônia de Oliveira; o pai Antônio Daniel Vieira; e o irmão Antônio Adriano de Oliveira.

Será o fim da linha para o homem que fez de sua busca uma incessante caçada e que agora, terá seu destino julgado como culpado ou inocente. A sessão ocorre três anos depois que Zé do Valério transformou sua fuga em um ato mítico, mediante sua capacidade de escapar de cercos montados pela Polícia, e de uma peregrinação via mata de diversos municípios cearenses, sendo visto e reconhecido por moradores em alguns casos.

Zé do Valério foi preso em uma área rural do Piauí, no início de julho de 1019. Para o Ministério Público ele seria o homem que matou Daniele Oliveira Sousa, de 20 anos. Ele estudava administração e ajudava nos negócios de seus pais, que mantinham uma pequena produção de queijos em uma fazenda em Pedra Branca. Zé do Valério cuidava dos animais do pai de Daniele.

A jovem desapareceu em abril daquele ano e foi encontrada morta dias depois em um sítio vizinho a propriedade rural da família. Ela estava despida e apresentava sinais de espancamento no olho. O laudo apontou que a jovem foi abusada sexualmente, sinais de traumatismo craniano decorrentes de pedradas, e asfixia, o que significa que ela teria sido sufocada.

Para a acusação foi Zé do Valério quem cometeu o crime. Ele teria chamado a jovem para uma conversa do lado de fora do sítio, e pedido um beijo e um abraço à Daniele, mediante ameaça de morte. O vaqueiro portava uma arma de fogo mas a estudante de administração se recusou às investidas do vaqueiro, e foi levada para uma área de mata onde foi morta.

Zé do Valério foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). Nos autos, a promotoria ofereceu o vaqueiro como passível de condenação pelo crime de homicídio por motivo torpe, uso de recurso cruel e que teria dificultado a defesa da vítima. Para a promotoria do MPCE o homem também é passível de ser condenado por feminicidio, já que o crime foi praticado mediante menosprezo ou discriminação à condição de Daniele.