Equipes da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) realizarão ações no município de Madalena, localizado a 189,9 km de Fortaleza, até o fim de janeiro, após a identificação de um caso positivo de raiva animal em uma vaca. O diagnóstico positivo chegou ao órgão estadual no dia 27 de dezembro de 2021 e a pasta começou a se planejar para evitar que a doença se espalhe para outros animais de fazenda e humanos que vivem na região.
Atualmente, há três animais com diagnóstico suspeito da doença, que terão seu material biológico enviado para testes. Para prevenir novos casos, criadores estão sendo orientados a reforçarem a vacinação do seu gado contra a doença, que deve ser aplicada pelo menos uma vez ao ano, apesar de não ser obrigatória pela legislação brasileira.
Em paralelo ao incentivo à vacinação, também será realizado um controle populacional dos morcegos hematófagos da região — da espécie Desmodus rotundus — que transmitem a doença aos animais. David Caldas Vasconcelos, gerente de Educação Sanitária da Adagri, esclarece que a Agência fará um acompanhamento na região por 90 dias, contando a partir da identificação do caso positivo.
“Nós faremos um trabalho de educação sanitária com os moradores da região e caso surja informação de contatos dos animais com humanos, encaminharemos para a Sesa (Secretaria da Saúde do Ceará)”, detalha, lembrando que é possível contrair a doença ao entrar em contato com a saliva do animal. “Se ao fim desse período não surgirem novos casos, nós consideramos que a raiva está controlada na região”, explica Vasconcelos.
Esse caso de Madalena foi o sexto episódio de raiva animal notificado pela Adagri em 2021. Os outros cinco também foram registrados em bovinos, sendo dois deles em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Arneiroz, Tabuleiro do Norte e Iguatu registraram um episódio cada. Conforme David, os surtos foram controlados e nenhum deles se espalhou de forma considerável.
O gestor ressalta a importância de os produtores reportarem os casos suspeitos da doença às autoridades, para evitar novos surtos. “Fazendo isso, nós conseguimos ter um controle maior”, argumenta. Ele alerta ainda para práticas perigosas que devem ser evitadas para prevenir o contágio, como o hábito que alguns criadores tem de colocar a mão na garganta dos animais para retirar supostos corpos estranhos.
Os sintomas que indicam a presença da doença em animais herbívoros, como os bovinos, apresentam-se de forma padronizada, seguindo uma sequência: isolamento e apatia; dificuldade para engolir; incoordenação motora; andar cambaleante; animal cai, fica em decúbito e não consegue mais levantar; animal apresenta movimentos de pedalagem; opistótono (cabeça voltada para trás); e asfixia e morte.
Confira como as formas como a raiva pode ser transmitida para os humanos
– Mordedura, arranhadura e lambedura: a mais comum é pelo depósito da saliva, contendo vírus rábico, em pele ou mucosa. A introdução do vírus ocorre pela mordedura ou pela arranhadura do animal, assim como pela lambedura de pele com ferimento já existente ou de mucosa mesmo íntegra.
– Via respiratória: pela inalação de aerossóis, contendo o vírus da raiva, provavelmente pela penetração pela mucosa da oro-faringe ou das vias aéreas superiores.
Zoofilia: práticas sexuais com animais (bestialismo) pela penetração do vírus pela pele e mucosa da região genital.
O que fazer em caso de suspeita de raiva em humanos
– No caso de agressão por parte de algum animal, a assistência médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao ferimento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão, o mais rápido possível, e aplicar produto antisséptico.
– A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados antissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de clorexidina ou álcool-iodado.
– Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orientados pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão.
– O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a aplicação de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos, quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele manifesta doença ou morre.
– Caso o animal adoeça, desapareça ou morra nesse período, informar o serviço de saúde imediatamente.
Conteúdo: Opovo