O Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), tem investido na melhoria contínua dos serviços de saúde. O Centro Cirúrgico Geral (CCG) da unidade, por exemplo, implementou um processo de avaliação do paciente, realizado antes e após a cirurgia. O objetivo é mapear e corrigir as fragilidades na assistência prestada a quem vai se submeter a cirurgias eletivas.
A ferramenta utilizada pela equipe de Enfermagem aborda variáveis que direcionam para assistência de qualidade, permeando pilares como segurança, oportunidade, efetividade, dentre outros. “Entendemos que o processo cirúrgico vai desde a entrada desse paciente até as altas dos retornos ambulatoriais pós-cirurgia. Então, os principais benefícios deste projeto é alinhar todo o preparo desde a chegada dele, na noite anterior, para o procedimento que ocorrerá no dia seguinte”, explica o coordenador de Enfermagem do CCG, Daniel Rodrigues.
Quando o paciente chega ao Centro Cirúrgico, é realizada uma lista rápida de verificação – onde são observada as condições do paciente em relação à temperatura, glicemia, oferta da malto (suplemento nutricional para o rápido fornecimento de glicose), desidratação, ao acesso venoso, dentre outras condições. “O questionário identifica as variáveis que não existem dentro do checklist de cirurgia segura. Com esse preparo, conseguimos proporcionar um desfecho cirúrgico favorável”, avalia Rodrigues.
Também é realizada a avaliação do prontuário e a lista de checagem de cirurgia segura, já adotada na unidade. Além disso, enquanto aguardam para entrar na sala de cirurgia, pacientes assistem a um vídeo com informações sobre o passo a passo do que ocorre no processo cirúrgico e os cuidados que devem ser tomados após o procedimento, quando o paciente já se encontra em seu domicílio.
“O vídeo explica sobre como é o processo aqui no centro cirúrgico, como é feita a marcação em sítio cirúrgico, a identificação da pulseira na oferta de qualquer cuidado, o processo de anestesia e como cuidar do curativo em casa. Para o paciente, é importante porque esse vídeo já esclarece muita coisa. Nesse momento, procuramos também tirar as dúvidas. É uma forma de minimizar um pouco a ansiedade. Já tivemos situações em que o paciente nos cobrou algo que ainda não havia sido feito, com a marcação de sítio”, explica a técnica de Enfermagem Maria de Fátima de Oliveira.
Segurança do paciente
Para o técnico de Enfermagem Caique Ayrton de Brito, a implantação de mais uma checagem no processo garante uma maior segurança ao paciente e ao colaborador. “No processo do centro cirúrgico, o maior fator que observamos é o esquecimento. O profissional pode esquecer de alguma etapa do processo. Então, esse checklist dá a certeza de que não estamos esquecendo nenhum passo a passo que o paciente tem que percorrer dentro do centro cirúrgico. Cada passo é importante, porque diz muita coisa em relação ao paciente, se é um paciente crítico, se é um paciente que pode complicar ou não”, detalha.
Ao fim da cirurgia, quando o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) está na Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) e é preparado para voltar à enfermaria de origem, o paciente passa por uma nova avaliação. Nesta checagem, é feita também a verificação do processo cirúrgico. “É a segurança de que a nossa entrega está indo corretamente para a clínica de origem”, destaca a técnica de Enfermagem da SRPA, Eliane Silva. A enfermeira Valdenir Oliveira tem a mesma opinião. “O checklist dá um respaldo e uma melhoria sobre o trabalho. É tudo em benefício do paciente”, afirma.
Para o coordenador do CCG do HRSC, Ian Almeida, a segurança do paciente é o pilar fundamental para a condução antes e depois de cirurgias no HRSC e é um dever de todos prezar por este fundamento. “A implementação da lista é fundamental para constituir mais uma camada de segurança para o paciente eletivo, que pode aguardar com segurança a sua implantação, mapear e se antecipar às fragilidades identificadas (do próprio centro cirúrgico ou da unidade de origem). Sem deixar de mencionar a sensação de cuidado e o conforto psicológico que o paciente experimenta”, diz.
Melhorias
Ao fim de cada mês, são feitas uma análise dos dados coletados e devolutivas às clínicas de origem. O objetivo é a melhoria do processo dentro de todo o eixo cirúrgico.
Para o enfermeiro do CCG Rafael Fonseca, as informações ajudam a compreender as fragilidades da equipe no preparo desses pacientes que chegam ao centro cirúrgico. “É realizada a análise dessas causas de não conformidade e dadas devolutivas à origem. Assim, nossas clínicas poderão aplicar ações corretivas, revisar processos para que as melhorias realmente aconteçam. Quando acontecem essas melhorias, os maiores beneficiados são nossos pacientes”, pontua.
O aperfeiçoamento é observado também nos prontuários, nos quais registra-se cada assistência prestada aos pacientes. Para a secretária da Comissão de Prontuários do HRSC, Tamylles Aragão, a ferramenta é uma forma de garantir que termos relacionados à cirurgia realmente estejam sendo cumpridos. “Como é o caso do termo de consentimento cirúrgico, da ficha anestésica, do controle hemodinâmico, da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (Saep). É mais uma ferramenta que serve como barreira, ajudando a manter nossos prontuários com os registros adequados”.
