O surgimento das variantes do vírus responsável pela transmissão da Covid-19, são muitas, e embora já estejam integradas ao conhecimento popular, são poucos os que sabem definir as suas diferenças e, principalmente, quais seus maiores riscos.
De acordo com o infectologista da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), Keny Colares, as diferenças entre as variantes identificadas estão ligadas ao potencial de transmissibilidade, replicação e capacidade de driblar a proteção adquirida com a vacinação ou anticorpos de quem já teve Covid-19.
Até o momento, quatro são investigadas no mundo: Alfa, Beta, Gama e, mais recente, a Delta, oriunda da Índia. Na última terça-feira (31) o Ceará confirmou a primeira morte de um paciente infectado com a variante Delta, o que fez suscitar a dúvida: afinal, quais as diferenças entre as variantes?
Na última semana, a Sesa disponibilizou uma espécie de consulta sobre as variações do coronavírus. As especificações foram elaboradas pelo consultor em Infectologia da Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).
Veja as diferenças
ALFA: A Alfa, detectada inicialmente na Inglaterra, mostra grande capacidade de transmissão, causando novas infecções. Desta forma, “praticamente dominou o cenário nos países onde circulou, por causa da sua capacidade de replicação”. Em compensação, esta não mostrou habilidade em driblar a proteção. “Essa variação do vírus já não tinha essa propriedade de resistir aos fatores de proteção, principalmente os anticorpos que a gente produz para se proteger, seja com estímulo da vacina ou da própria doença”, explica.
BETA: Originada na África do Sul, a Beta possui características inversas, e foi a que menos se espalhou pelo mundo. “Não apresenta maior capacidade de se multiplicar e se transmitir, mas é a que mostrou mais capacidade de driblar as nossas proteções, os anticorpos, infectando mesmo a pessoa vacinada”.
GAMA: A variante brasileira Gama apresenta um pouco das duas características. “Ela é mais transmissível, mas nem tanto quanto a Alfa. Tem capacidade de contornar o sistema de defesa, mas não exatamente como a Beta”.
DELTA: A mais recente das variantes, originária da Índia, é mais transmissível que a cepa original. “É duas vezes mais transmissível e tem, não tanto quanto a Beta, a capacidade de contornar os nossos mecanismos de defesa”, detalha o infectologista. Com essas duas características, a mutação merece mais atenção. “A variante mostrou-se um problema por onde passou”, alerta.
O infectologista informa, ainda, que alguns estudos mostram que a variante Delta afeta menos o olfato, mas que a maioria dos sintomas é semelhante. A cepa indiana tem grande capacidade de transmissão, mesmo em pessoas já imunizadas, gerando nestas, no entanto, sintomas mais leves.
“Pessoas com sintomas gripais bem leves, ou até talvez aquele resfriado, podem estar com Covid-19. A pessoa pode estar parcialmente protegida pela vacina. É interessante investigar”, indica. Nesses casos, o médico recomenda buscar assistência, fazer o exame imediatamente e manter isolamento até o resultado para evitar transmissão para outras pessoas.