Incêndios na mata cearense já são 91% maiores do que ano passado; segundo semestre aumenta riscos

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Número de focos de incêndio já é maior nos primeiros seis meses do ano e aumento ocorre no segundo semestre

Tempo seco, vento forte, altas temperaturas, vegetação seca. O segundo semestre do ano chega e acende a luz de alerta em relação aos casos de queimadas. Neste período aumenta a quantidade de incêndios florestais, o que evidencia a necessidade de um cuidado maior.

Essa preocupação está maior este ano porque, antes mesmo do início do segundo semestre, a quantidade de focos de queimadas nas florestas cearenses já foi maior do que o ano passado. De janeiro a julho deste ano foram 343 focos, contra 179 focos registrados em 2020, um aumento de 91%.

E se a situação já está assim, as consequências devem aumentar com o passar dos meses. Em agosto, a média é de 315, saltando para 1068 no mês de setembro. Mas o pico mesmo é em novembro, quando ocorrem o maior número histórico de registros, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Comportamento do sertanejo reforça a prática

Sertanejo faz práticas de queimadas para limpar terras e faz acidentes crescerem neste período (Foto divulgação)

No ano de 2020, o Inpe registrou, no Ceará, 3.979 focos de queimadas, inferior ao registro de 2019 (4.304) e mais do que em 2018 (3.034) e em 2017 (3.486). Já em 2016, os dados apontam uma quantidade maior: 4.316 incêndios em vegetação.

O aumento pode ser explicado por uma somatória de fatores de risco: a alta nas temperaturas, a ausência de chuvas e os ventos fortes, questões que agravam a existência das queimadas. Além dos fatores climáticos há ainda o comportamento do sertanejo, que nesta época costuma fazer queimada em terrenos como forma de limpar o local e deixá-lo preparado para as chuvas do ano seguinte.

“Geralmente, o homem, o agricultor, ainda mantém a prática do uso da queimada, do fogo para para limpar seus terrenos, às vezes, renovar as pastagens. Tudo isso são práticas que o homem do campo, sertanejo, ainda utiliza nos dias atuais”, explica o gestor da Unidade de Estudos Básicos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) Manuel Rodrigues.

Em 2019, a Funceme publicou um estudo que mostrava áreas de 20 municípios com alto risco de incêndios florestais. De acordo com Manuel Rodrigues, o documento levou em consideração os mapeamentos temáticos como: cobertura vegetal natural, uso e ocupação da terra, unidades de paisagem, pluviometria média anual e índice de vegetação.

Corpo de Bombeiros montaram operação para combater focos no segundo semestre (Foto: divulgação CBCE)

Trabalho educativo

Ciente dos problemas relacionados a esta época do ano, o Corpo de Bombeiros do Ceará lançou a operação Floresta Branca. O trabalho ofensivo tem o intuito de reduzir o impacto dos efeitos danosos provocados pelos incêndios florestais e outros desastres ambientais no Estado.

O comandante-geral do CBMCE, coronel Ronaldo Roque de Araújo, ressaltou a importância da operação que visa reduzir o impacto dos efeitos danosos provocados por incêndios ou outros desastres ambientais.

“Iremos atuar de forma integrada, com outros órgãos de segurança e meio ambiente, além de outros parceiros. Nosso intuito é realizarmos uma articulação institucional, através da implementação de ações coordenadas e previamente estabelecidas. É importante destacar ainda que a operação é importante para conscientizarmos a população e para que cada vez mais possamos dialogar para encontrarmos soluções mais rápidas e eficazes de enfrentamento a esses problemas”.