Número de assassinatos de trans dobra no Ceará em 2020; Estado é o 2º do país no número de mortes

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Ceará é o segundo estado que mais mata trans e travestis em 2020, afirma associação — Foto: Divulgação

O número de assassinatos de pessoas transexuais no Ceará dobrou em 2020, segundo o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), divulgado nesta sexta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans. Ao todo, conforme o relatório, 175 transexuais foram mortas no país no ano passado, o que equivale a uma morte a cada dois dias.

Com 22 assassinatos, 100% a mais que os registrados em 2019, o Ceará ocupa, pelo segundo ano consecutivo, o 2º lugar no ranking dos homicídios de pessoas trans, ficando atrás apenas de São Paulo, com 29 casos, aumento de 38%. Bahia está em 3º lugar, com 19 mortes e aumento de 137,5% em relação a 2019.

Fortaleza e Região Metropolitana registram o maior número de homicídios de pessoas trans em 2020. Já no interior, os homicídios de trans aconteceram nos municípios de Crateús, Missão Velha, Camocim, Pacajus, Sobral, Iguatu e Cascavel.

Conforme o “Dossiê: assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020”, desde 2017, o Ceará consta como um dos cinco estados com mais casos de assassinatos de pessoas trans no país.

Entre 2017 e 2020, de acordo com o relatório da Antra, 641 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. No ranking por estado, levando em consideração dados absolutos, São Paulo, com 80 casos, aparece em 1º. Em 2º, o Ceará com 62 casos; a Bahia em 3º com 59 assassinatos.

Apenas no intervalo de um mês, entre os dias 11 de julho e 10 de agosto, seis pessoas trans foram mortas no Estado. O primeiro caso ocorreu no dia 3 de agosto, quando uma travesti, que não teve a identidade revelada, foi morta no Bairro Bonsucesso, em Fortaleza. O crime aconteceu a 700 metros de uma unidade do Batalhão de Polícia de Meio Ambiente (BPMA).

Em seguida, no dia 8 de agosto, uma adolescente identificada pelo Centro de Referência LGBT Janaína Dutra como Ludmila Silva, foi morta na Rua Dallas, no bairro Granja Lisboa. No dia 10, Letícia Costa, de 29 anos, foi morta nos cruzamentos das ruas Jaime Benévolo e Clarindo de Queiroz, no Centro da Capital. Já no dia 19, a jovem Daniele Rodrigues, de 21 anos, foi encontrada morta com lesões decorrentes de arma de fogo em um matagal no município de Crateús, no interior do Ceará.

Em dezembro de 2020, uma travesti de 26 anos foi assassinada a tiros na noite do dia 25, no Bairro Sítio Bica, localizado na zona rural de Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza.

6 de janeiro: A travesti Paola Prado foi morta com disparos de arma de fogo na cabeça, na Rua Pedro Borges, no Centro de Fortaleza. Ela, supostamente, era prostituta, segundo pessoas em situação de rua que estavam no local.
14 de fevereiro: Monike Matias Chagas, de 25 anos, foi encontrada morta na cachoeira da cidade de Missão Velha, no Cariri cearense. A travesti estava acorrentada e parcialmente submersa, presa por uma corda ao medidor de nível da cachoeira, segundo a Polícia.
23 de fevereiro: Dávila Duarte foi morta durante a madrugada na rua Quintino Bocaiúva, no Centro de Fortaleza.
29 de março: Luana Paty, de 39 anos, morreu no Instituto Dr. José Frota (IJF) após ser atingida dois dias antes por disparos de arma de fogo na Rua Carolina Sucupira, no bairro Aldeota.
16 de maio: a travesti Bárbara, 33 anos, foi morta em casa, na Rua José Abílio, no bairro Granja Portugal, em Fortaleza. De acordo com a Polícia Civil, o responsável pelo crime foi Mateus Ualefi Lima de Sousa, 20. Ele se apresentou espontaneamente ao 32° Distrito Policial (Granja Lisboa), um dia após o assassinato, foi ouvido e indiciado.
6 de junho: Luanna Kelly, de 22 anos, foi morta durante a madrugada no Centro do município de Camocim. Conforme a SSPDS, ela foi assassinada por golpes de um objeto perfurocortante após uma discussão com três homens, os quais foram capturados horas após o crime.
22 de junho: a travesti conhecida como Babalu, de 44 anos, foi assassinada por disparos de arma de fogo no Centro da cidade de Pacajus. Menos de um mês antes, ela já tinha sido atingida por uma lesão a bala, na mesma região.
11 de julho: Carol Eleotério da Silva, de 36 anos, foi morta durante a noite na Rua Sabiá, bairro Alto da Brasília, na cidade de Sobral. Segundo informações apuradas no local, ela foi vítima de um disparo de arma de fogo na nuca.
12 de julho: Soraya de Oliveira Santiago, de 35 anos, foi encontrada morta à margem da Lagoa da Maraponga. O corpo da cabeleireira estava junto ao de um homem identificado como Francisco Ediberto dos Santos Brasileiro. Segundo a SSPDS, as lesões que levaram ambos à morte foram provocadas por arma de fogo.
19 de julho: Rhyanna Mabelly Spanick, de 20 anos, morreu na própria casa na cidade de Iguatu após complicações de uma lesão corporal sofrida em fevereiro deste ano.
20 de agosto: Daniele Rodrigues, de 21 anos, foi encontrada morta pela Polícia Civil em um matagal, no Bairro Venâncios, no município de Crateús.
30 de agosto: a travesti Branca, de 37 anos, foi morta a tiros próximo à BR-116, no Bairro Pedras, em Itatinga, na Grande Fortaleza.
3 de novembro: Samylla Marry Windson, baleada em 2 de novembro na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, faleceu em consequência do tiro que sofreu.
4 de novembro: Sandy, 29 anos, foi assassinada a tiros na noite desta quarta-feira (4) na localidade de Tijucussu, na zona rural de Cascavel.
25 de dezembro: Jacó Ângelo da Silva, de 26 anos, foi assassinada a tiros no Bairro Sítio Bica, na zona rural de Cascavel.

Com informações do G1