Quixadá: A Petrobrás confirmou a venda de 50% de suas operações no ramo de biocombustível, o que inclui a venda da Usina de Biodiesel de Quixadá (PBio). A informação foi confirmada na manhã desta sexta-feira (18) pelo jornalista econômico Egídio Serpa. Egídio é um dos mais respeitados jornalistas de economia do Ceará e suas informações são tratadas sempre como confiáveis.
A compradora de metade dos ativos da PBio seria a empresa BSBIOS, um forte nome do mercado que já atua no ramo e que também é responsável pela operação de outras duas usinas de biocombustíveis no País. O valor da operação, de acordo com Egídio Serpa, seria de R$ 319 milhões e foi informado pela empresa ao Governo do Ceará.
“A Petrobras acaba de informar o Governo do Ceará que vendeu nesta sexta-feira, por R$ 319 milhões, a sua participação de 50% na BSBIOS Petrobras Biocombustíveis, que controla algumas empresas de biocombustíveis. Uma dessas empresas, está a usina de biodiesel localizada na cidade de Quixadá, no Sertão Central do Ceará”, escreveu Egídio Serpa em sua coluna.
Ainda conforme o jornalista, a adquirente dos ativos seria a RP Participações, que opera as usinas de biocombustíveis na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e uma outra na cidade de Marinalva, no Paraná. A Petrobrás não se pronunciou sobre o assunto. O Governo do Ceará informou que o governado Camilo Santana teve reuniões com diretores da estatal para tratar de operações no Porto do Pecém, mas não falou sobre a venda da PBio de Quixadá.
Antecipamos
As negociações em torno da venda da unidade da Petrobrás em Quixadá já foram anunciadas pelo Revista Central. Em julho deste ano, o Portal antecipou que após estar desativada depois que o plano de investir em combustíveis verde se tornou um fiasco pela inviabilidade técnica na região, a Usina poderia ser vendida para um grupo privado, até meados de 2022.
Histórico
A Usina de Biodiesel da Petrobrás, PBio como é conhecida, foi inaugurada em agosto de 2008. Naquela época, o investimento na mamona, oleaginosa utilizada no composto do biodiesel, era um dos focos do Governo Federal, comendado pelo então presidente Lula. Os planos eram de movimentar o distrito de Juatama, onde a Usina é instalada, gerando emprego e renda e movimentando a economia local através do incentivo à plantação para posterior venda do composto. O próprio site da Petrobrás até hoje ainda informa. “Aproximadamente 9 mil agricultores familiares fazem parte do nosso programa de suprimento agrícola e produzem oleaginosas numa área total superior a 19 mil hectares em seis estados do semiárido brasileiro”.
Os planos eram de produzir 108,6 milhões de litros de biodiesel por ano. Mas não decolou: não havia agricultores suficientes para plantar a quantidade que a Usina pretendia comprar. E além disso, os que lá existiam, sequer eram especializados no plantio da mamona. O resultado foi uma elevação nos preços porque a Petrobrás se viu obrigada a comprar mamona de fora. Mas o problema não foi só esse: apesar de todos os esforços, a qualidade do biocombustível produzido não atendia as especificações técnicas da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
O resultado foi uma sucessiva queda na força do projeto até que em 2016 a estatal anunciou que encerraria as operações na unidade de Quixadá. Dois anos atrás a Usina da PBio estava no alvo de três grupos investidores, dois dos quais internacionais, interessados em comprar a unidade. Mas no fim de 2019 a Petrobras abandonou de vez o projeto e publicou no Diário Oficial da União a solicitação que fez à ANP para o cancelamento das autorizações que permitiam o funcionamento da planta.