Família da Paraíba reconhece motorista que procura parentes há 27 anos no Ceará

compartilhar no:
Antônio Carlos tinha cinco anos quando se perdeu da família; reencontro aconteceu 27 anos depois — Foto: Arquivo pessoal

Uma família da Paraíba afirma ser a do motorista Carlos da Silva, que mora no Ceará e procura há 27 anos os parentes. O rapaz diz não ter dúvidas de que agora encontrou sua verdadeira mãe, e os familiares afirmam ter imagens e documentos de Carlos ainda criança. Fotografias de álbum de família enviadas ao G1 revelam se tratar da mesma criança resgatada em Fortaleza.

O motorista fugiu de casa ainda criança, entrou em um ônibus, dormiu e veio parar no Ceará, onde mora atualmente. A família paraibana diz que, se for preciso, está disposta a fazer exame de DNA.

“Mesmo a gente já tendo certeza em nossos corações”, afirmou Dielma da Silva, que se apresentou como irmã de Carlos.

Uma mulher chamada Josiane da Silva, de 49 anos, já procurava o filho, que sumiu de casa aos oito anos de idade. À época, o menino era agredido e torturado pelo pai. O menino sumiu e ela espalhou fotos pela cidade de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa (PB).

“Eu procurei tanto, saía pelas ruas com foto, mostrando meu filho, se alguém tinha visto, e ninguém sabia. Nunca pensei que meu filho estivesse morto. Sempre achei que ele estava vivo em algum lugar. Mãe sente”, disse.

Família enviou fotos de Carlos ainda criança na Paraíba — Foto: Arquivo Pessoal

A repercussão da matéria publicada no G1 em que Carlos foi enganado por três dias por um homem que dizia ser seu irmão chegou até Josinaldo da Silva, irmão de Josiane. “Minha irmã, acharam seu filho”, ele à paraibana.

A foto da matéria mostrava o mesmo menino do álbum de família de casa. “Carlinhos fugiu num dia em que seu pai queria bater, no dia seguinte foi visto pelas ruas de Santa Rita, e depois nunca mais se teve notícia”, contou.

Na noite de ontem, ao saber da história, mas principalmente ter acesso a fotos de infância, Carlos e seu pai adotivo, Bernardo Rosemeyer, disseram não ter dúvida de que se trata da verdadeira família do Carlos.

“Essa foto é ele mesmo. É meu filho. Ele encontrou a mãe”, concluiu o pai Bernardo, um ex-frei alemão que fundou em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, a Associação O Pequeno Nazareno, que acolhe crianças e adolescentes com extrema vulnerabilidade social, abandonados ou destituídos do poder familiar.

Antônio Carlos imprimiu dois mil panfletos para tentar encontra a mãe — Foto: Arquivo pessoal

Enganado por falso irmão
Carlos da Silva não sabia onde morava, mas sempre lembrou do nome da mãe, de um dos irmãos e um tio. O motorista fez buscas pela família e, com ajuda de amigos, espalhou panfletos com “procuro minha mãe”, até ser localizado por um rapaz que disse ser seu irmão.

Por três dias, Carlos foi enganado, até que o suposto irmão foi desmascarado. O caso ganhou ainda mais repercussão, e cresceu a rede de apoio ao motorista que há 27 anos não vê a mãe.

Patrícia Vieira, esposa do tio Josinaldo da Silva, leu a matéria pelo celular, e ao ver a foto mostrou para Josiane, a mãe que perdeu o filho para o mundo.

Motorista veio parar no Ceará após fugir de casa — Foto: Arquivo Pessoal

Ela lembra que, quando o filho sumiu, estava em poder do pai, que tinha tomado as crianças dela. A mulher perdeu o emprego e foi viver nas ruas de Santa Rita.

“Primeiro, ele tomou os dois meninos, o Carlos e o Diego. E eu fiquei com Dielma e Crislene. Depois ele veio tomar as meninas, que se eu não desse me matava. Depois eu consegui eles de volta. E eu dizia que antes de morrer eu encontrava meu filho. E Deus me deu essa alegria”, comemorou Josiane da Silva, mãe de Carlos.

Conteúdo: G1