Coronavac: o que mostram as pesquisas, quantos já foram vacinados e quais países desenvolvem; confira

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Os primeiros resultados da CoronaVac, vacina desenvolvida contra a Covid-19 pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, foram divulgados em setembro. No Brasil, os resultados iniciais saíram em outubro. Ambos mostraram que a vacina é segura, mas ainda não se comprovou sua eficácia.

A CoronaVac está na terceira e última fase de testes, quando é testada em humanos. No Brasil, o grupo de voluntários é formado exclusivamente por cerca de 10 mil profissionais de saúde, mas a meta é ampliar a pesquisa para 13 mil voluntários, incluindo crianças e idosos. Até outubro, 15 mil vacinações já haviam sido aplicadas. Cada voluntário deve receber duas doses.

Em setembro, o governo de São Paulo informou que os testes realizados na China envolveram 50.027 voluntários; 94,7% deles não tiveram efeitos adversos. Por lá, a vacina já foi aprovada para uso emergencial.

De acordo com o Instituto Butantan, a vacina também mostrou alto grau de segura, mas ainda será necessário esperar pelos resultados dos testes de eficácia, que indicarão se o imunizante protege ou não contra o coronavírus. Na época, o instituto pediu à Anvisa autorização para importar o imunizante e teve o pedido aprovado.

O que se sabe sobre a CoronaVac até o momento, segundo o Instituto Butantan:

Os testes estão na terceira e última fase de pesquisa; até o momento, a vacina se mostrou segura;
Cerca de 10 mil profissionais da saúde são testados no Brasil, mas a meta é ampliar para 13 mil;
Ainda não foi provada a eficácia, fator fundamental para uma vacina ser registrada. A Sinovac espera ter este resultado até dezembro;
Na China, 94,7% dos mais de 50 mil voluntários não apresentaram efeito adverso. Por lá, crianças (entre 3 e 17 anos) e idosos (acima de 60 anos) começaram a receber doses da vacina em setembro, mas os testes nestas faixas etárias ainda estão nas fases 1 e 2;
A vacina tem autorização de uso emergencial na China.

Cronologia dos eventos em torno da vacina:

Governo de SP tem acordo para adquirir 46 milhões de doses; o primeiro lote deve chegar já este mês;
Em outubro, a Anvisa liberou a importação da vacina no Brasil;
O Ministério da Saúde anunciou a compra de outros 46 milhões de doses da CoronaVac, mas Bolsonaro mandou cancelar a compra;
Na segunda-feira (9), a Anvisa informou que os testes estão suspensos no Brasil por causa de eventos adversos graves; Instituto Butantan nega qualquer evento adverso com os voluntários relacionado com a vacina.

Como é a vacina
A CoronaVac é uma vacina de vírus inativado, o que quer dizer que é feita a partir do vírus morto ou por partes dele – incapazes de se replicar.

Isto significa que, uma vez injetado na corrente sanguínea, o vírus é detectado pelo sistema imunológico, que desenvolve formas de combatê-lo. Mas, como o vírus é incapaz de se reproduzir, não consegue deixar uma pessoa doente.

Testes em idosos
No dia 23 de outubro, o representante do laboratório Sinovac na América do Sul, Xing Han, participou de uma coletiva em São Paulo e informou sobre o estudo preliminar na China, com 24 mil voluntários. sendo 421 com mais de 60 anos.

Os resultados mostraram, segundo Han, que a resposta imunológica dos idosos submetidos aos testes da vacina CoronaVac ficou entre 98% e 99%.

Doses
O governo paulista fechou contrato com a Sinovac para a aquisição das 46 milhões de doses da CoronaVac. As primeiras 6 milhões virão prontas da China, e as outras 40 milhões serão envasadas e rotuladas no Instituto Butantan a partir de material que será importado.

Na manhã da segunda (9), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o estado vai receber as primeiras doses importadas, 120 mil no total, já em 20 de novembro. O restante dos lotes deverá chegar no Brasil até o dia 30 de dezembro, até completar os 6 milhões.

O diretor do Instituto, Dimas Covas, disse que o local onde o imunizante ficará armazenado será mantido em sigilo por motivos de segurança.

A importação das doses da Coronavac pelo governo de São Paulo foi liberada pela Anvisa em outubro.

Produção da vacina no Brasil
Para produzir os 40 milhões das doses no Brasil, o governo estadual de SP anunciou a construção de uma fábrica no Butantan. As obras já começaram iniciadas, segundo anúncio na segunda (9), e deverá ficar pronta no final de 2021.

Para a construção, além dos recursos doados pela iniciativa privada, o governo paulista esperava receber R$ 80 milhões do governo federal. Entretanto, segundo o secretário estadual paulista de Saúde, Jean Gorinchteyn, o repasse não foi feito pelo Ministério da Saúde.

Outros países

Além do Brasil e da China, a CoronaVac é testada na Turquia (fase 3) e na Indonésia, todos na fase 3. Nenhum desses países anunciou uma suspensão dos estudos até agora.

Testes da CoronaVac na Indonésia estão mantidos e ‘indo bem’, diz farmacêutica
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Suspensão

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu temporariamente os testes em humanos da vacina CoronaVac contra a Covid-19 na segunda-feira (9). O órgão justificou que teria ocorrido um “evento adverso grave” durante os estudos no Brasil, mas não deu detalhes sobre o que seria tal evento.

Logo após a divulgação, o diretor do Instituto Butantan, órgão que testa a vacina no Brasil, Dimas Covas, explicou que notificou a Anvisa sobre a morte de um voluntário cujo óbito não tinha relação com a vacina. Portanto, não se tratava de um evento adverso.

“Em primeiro, a Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina”, disse Dimas Covas na TV Cultura na segunda (9).
“Ou seja, como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, podem acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer”, declarou Covas.

A empresa Sinovac se pronunciou sobre a suspensão dos testes da CoronaVac no Brasil pela Anvisa afirmando estar “confiante na segurança da vacina”.

Disputas no governo
A CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria.

No dia 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a negociação para adquirir as 46 milhões de doses da CoronaVac. Contrariado, Bolsonaro mandou cancelar a compra – e o ministério, por sua vez, afirmou que “não há intenção de compra” e substituiu o comunicado no site.

Além da CoronaVac, outras 196 vacinas estão sendo desenvolvidas no mundo contra a Covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Contéudo: G1