O empresário gaúcho Marcelo Barberena deve ir a júri popular no próximo dia 30 de novembro. A data foi marcada pelo Judiciário cearense após cinco anos do duplo homicídio de Adriana Moura e Jade Pessoa de Carvalho, esposa e filha de Barberena. Conforme decisão proferida na Vara Única da Comarca de Paracuru no salão do júri da cidade.
Mãe e filha foram assassinadas no ano de 2015, em uma casa de veraneio, em Paracuru, litoral do Ceará. Barberena foi preso horas após o crime e apontado como principal suspeito. De acordo com a Polícia, em um dos primeiros depoimentos concedidos pelo empresário ele confessou o crime. Atualmente, o empresário diz ter sido forçado e induzido à confissão quando, segundo Marcelo, ele não cometeu a ação criminosa.
Nestor Santiago, advogado de defesa do réu, diz acreditar que o julgamento não será fácil, mas confia na absolvição de Marcelo “pois ele é inocente e não foi autor dos fatos”. Segundo Santiago, “as investigações, bem como o desenrolar do processo, não foram capazes de demonstrar isso. A defesa acredita que os requerimentos de produção de provas apresentados serão acolhidos, a fim de que o julgamento transcorra dentro do devido processo legal e da plenitude de defesa. Preocupa-nos, entretanto, o incitamento à condenação de Marcelo por meio de vídeos e manifestações nas mídias sociais, o que pode influenciar negativamente os jurados, tendo como resultado uma injustiça decorrente de nossa tradição punitivista e precipitada”, ponderou Nestor Santiago.
Já Leandro Vasques, assistente da acusação, diz confiar que o réu seja condenado. “Acreditamos que o Júri Popular de Paracuru não irá aceitar a tese de negativa de autoria pois ela é, além de fantasiosa, construída no solo movediço da mentira. A arma pertencia a ele, o DNA dele consta da mesma. Foram encontradas partículas de chumbo na roupa de Barberena. Uma criteriosa Perícia constatou que não houve nenhum sinal de arrombamento na casa em que se verificou o crime. Há a comprovação balística de que pelo menos um dos dois disparos que vitimaram Adriana e Jade partiram do cano desta arma do acusado. E pra arrebatar, o próprio acusado confessou a autoria ao menos três vezes na presença de seu advogado, em depoimento, além de ter confirmado a versão durante a reprodução simulada dos fatos, também acompanhado de seu então defensor. Negar agora a autoria e inventar coação por parte da polícia configura uma tese, além de cínica, irracional, pois ele ainda perde a atenuante da confissão”, conforme Vasques.
O caso
Consta no inquérito policial que Adriana e Jade dormiam em um quarto da casa quando foram assassinadas a tiros. Em 2019, após quatro anos encarcerado, Barberena disse ter sido, em determinados momentos, forçado pelas autoridades a confessar a ação criminosa. A versão atual dele é já ter encontrado a esposa ensanguentada.
“Eu fui dormir 0h30 e acordei 5h40. Fui falar com a Adriana. Cheguei no quarto e a Adri estava gelada. O travesseiro sujo de sangue. Saí dali nervoso. Chamei o Rafa, meu irmão médico, e chamei a Ana, minha cunhada. O Rafa foi atender a Adri e a Ana foi atender a Jade. Nos primeiros minutos eu fiquei nervoso. Vi que tinha sangue e a Adriana não estava respondendo. Me sentei no chão. A minha cunhada disse que a Jade também não estava bem. No meu primeiro depoimento eu disse que não tinha sido eu. Estava com meu advogado presente. No dia seguinte, às 5h, a delegada me tirou do DHPP, me colocou no camburão e me levou de volta à Paracuru. Lá foram três horas e meia de interrogatório. Depois disso, durante todas as noites, a delegada me tirava para fazer interrogatórios individuais. Foram sete depoimentos que eu dei até ela ficar satisfeita”, contou o réu em entrevista concedida dias após sair da prisão.
Com informações do G1