A ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, teria trabalhado para impedir que a criança de 10 anos que engravidou depois de ter sido estuprada pelo próprio tio, abortasse o feto, mesmo sendo amparada pela lei. A denúncia foi feita pela reportagem do jornal Folha de São Paulo que afirma que “etenha mantido silêncio público quanto ao aborto legal realizado pela menina capixaba de dez anos que engravidou após estupro, Damares Alves, agiu nos bastidores para impedir que a criança fosse submetida ao procedimento”.
A reportagem foi publicada na edição impressa do jornal desta segunda-feira (21). O texto afirma que Damares teria enviado pessoas importantes de sua equipe do ministério até o Hospital do Espírito Santo, onde a menina estava internada, para transferir a garota para um hospital de São Paulo. A intenção era deixar a vítima longe dos médicos e ser protegida pela ministra para ela ter a criança.
“Damares enviou à cidade capixaba representantes do ministério e aliados políticos que tentaram retardar a interrupção da gravidez e, em uma série de reuniões, pressionaram os responsáveis por conduzir os procedimentos, inclusive oferecendo benfeitorias ao conselho tutelar local”.
Entre as negociações em troca de tirar a criança do Espírito Santo para evitar que ela abortasse, uma assessoria de Damares teria oferecido um Jeep Renegade, no valor de R$ 70 mil, além de ar-condicionado, computador, refrigeradores, smarTVs para o prédio do Conselho Tutelar e mais a abertura de outro Conselho na cidade.
As reuniões aconteciam presencialmente mas em uma delas, Damares Alves teria participado por videoconferência. Pessoas envolvidas no processo afirmam ainda que os representantes da ministra seriam os responsáveis por vazar o nome da criança à ativista Sara Giromini, que o divulgou em redes sociais. A ministra contestou a reportagem e afirmou que enviou a equipe para “fortalecer a rede de proteção à menina”.