Quixadá: a venda da unidade de Quixadá da Petrobrás Biocombustível ainda não tem compradores definidos. É o que traz uma reportagem do jornal Diário do Nordeste na edição desta segunda-feira (27). A Petrobrás já anunciou que pretende vender todo o parque de produção, que desde 2016 está fechado após problemas relacionados à matéria-prima. Mas de acordo com o jornal, apesar da grande expectativa, a venda ainda está longe de ser uma realidade.
Embora tenha parado a sua produção e fechado as portas há quatro anos, quando optou por conta própria a entrar num processo de interrupção da cadeia produtiva após a constatação de que a Usina gerava baixa rentabilidade, foi só em julho deste ano que a venda da PBio se tornou uma realidade ainda mais próxima, depois que a estatal anunciou abrir mão de de 100% de suas ações.
Quem topasse levar a empresa, ficaria não só com a unidade de Quixadá como também outras duas: em Candeias, na Bahia e em Montes Claros, em Minas Gerais, ambas também construídas para a geração de biocombustível. Mas um dos entraves está na principal condição contratual para adquirir o polo da PBio: “ter receita líquida superior a R$ 400 milhões no ano de 2019”, segundo informa o jornal.
A reportagem ainda destacou que um único investidor “até mostrou interesse na aquisição da PBio, mas as negociações ainda não avançaram”. Além da questão do poder aquisitivo empresarial para poder adquirir o polo de produção nos três estados, está também a questão relacionada ao custo benefício. Das três, apenas a unidade de Candeias “tem elevada produção e capacidade de processamento de 220 milhões de litros por ano”, diz o jornal.
“Deste modo, com a baixa rentabilidade, mesmo que um investidor adquira a Usina Quixadá, não há nenhuma garantia de que ela permaneça aberta”, completa o texto. “Em 2016, tão logo a Petrobras anunciou a paralisação das atividades, a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) realizou estudo técnico para identificar a viabilidade do Estado comprar a Usina de Quixadá. Mas, em nota, a Adece informou que ‘os dados mostraram que não havia viabilidade’ “.
Histórico de fracasso
A Usina de Biodiesel da Petrobrás, PBio como é conhecida, foi inaugurada em agosto de 2008. Naquela época, o investimento na mamona, oleaginosa utilizada no composto do biodiesel, era um dos focos do Governo Federal, comendado pelo então presidente Lula. Os planos eram de movimentar o distrito de Juatama, onde a Usina é instalada, gerando emprego e renda e movimentando a economia local através do incentivo à plantação para posterior venda do composto. O próprio site da Petrobrás até hoje ainda informa. “Aproximadamente 9 mil agricultores familiares fazem parte do nosso programa de suprimento agrícola e produzem oleaginosas numa área total superior a 19 mil hectares em seis estados do semiárido brasileiro”.
Os planos eram de produzir 108,6 milhões de litros de biodiesel por ano. Mas não decolou: não havia agricultores suficientes para plantar a quantidade que a Usina pretendia comprar. E além disso, os que lá existiam, sequer eram especializados no plantio da mamona. O resultado foi uma elevação nos preços porque a Petrobrás se viu obrigada a comprar mamona de fora. Mas o problema não foi só esse: apesar de todos os esforços, a qualidade do biocombustível produzido não atendia as especificações técnicas da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
O resultado foi uma sucessiva queda na força do projeto até que em 2016 a estatal anunciou que encerraria as operações na unidade de Quixadá. Dois anos atrás a Usina da PBio estava no alvo de três grupos investidores, dois dos quais internacionais, interessados em comprar a unidade. Mas no fim de 2019 a Petrobras abandonou de vez o projeto e publicou no Diário Oficial da União a solicitação que fez à ANP para o cancelamento das autorizações que permitiam o funcionamento da planta.