Com o intuito de descapitalizar quadrilhas criminosas no Ceará, a Polícia Federal focou seu trabalho em apreender valores e bens adquiridos de forma ilícita. Só no ano de 2019, agentes da Superintendência Regional da Polícia Federal apreenderam no estado, aproximadamente, R$ 24 milhões. Em 2018, a PF/CE já tinha apreendido outros R$ 15 milhões.
As apreensões incluem bens como barcos, carros de luxo, imóveis e joias, além dos ativos financeiros, como bloqueios das contas bancárias dos suspeitos. Conforme o delegado federal Paulo Henrique Oliveira, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, parte destes valores vêm a partir de bens originados do tráfico de drogas.
Só com relação ao tráfico, em 2018 foram apreendidos R$ 605 mil e, em 2019, R$ 879 mil. Paulo Henrique afirma que em 2019, na região Nordeste, o Ceará foi o terceiro estado com maior volume de bens apreendidos a partir deste crime.
“Atualmente, a principal diretriz da Polícia Federal no tocante à repressão a criminalidade organizada, e nisto se inclui o tráfico de drogas, é a descapitalização das quadrilhas. É buscar o patrimônio. Buscamos o patrimônio destas quadrilhas para evitar algo que durante muito tempo ocorreu: muitas pessoas eram presas e quando voltavam à liberdade, continuavam as atividades criminosas se utilizando do patrimônio que tinham. Sem o patrimônio, dificulta o retorno deles às atividades criminosas”, disse o delegado.
Paulo Henrique diz que há bens apreendidos de todas as facções que atuam no Ceará. Parte dos valores obtidos em 2019 veio a partir de operações, como a ‘Reino de Aragão’ e ‘Dínamo’. A Operação ‘Reino de Aragão’ resultou nas prisões de quatro suspeitos que estiveram à frente da onda de ataques criminosos ocorrida no último mês de setembro, no Ceará. Já a ‘Dínamo’ foi para desarticular um grupo criminoso responsável por ataques com explosivos a torres de transmissão de energia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) em Fortaleza e Maracanaú, município da Grande Fortaleza.
Autorização do uso
Parte dos veículos que chegam às autoridades como resultado de apreensões passam a ser utilizados pelos policiais durante diligências. Segundo Paulo Henrique, geralmente os policiais avaliam se é economicamente viável o uso do automóvel apreendido para realizar as atividades policiais. A partir disto acontece o pedido de autorização ao Poder Judiciário.
“Sendo concedido, é possível que esse bem seja dado para uso da Polícia Federal em definitivo. Quando a Polícia Federal não pede que esse bem seja destinado ao seu patrimônio, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) faz a alienação ou destinação a outras instituições”, disse o delegado.
Conteúdo: G1