Policiais federais prenderam nesta quinta-feira (31) na Praia Grande, no litoral paulista, um bandido foragido do Ceará e apontado como envolvido na morte de dois traficantes de drogas que integravam a liderança da facção criminosa PCC no Brasil. André Luís da Costa Lopes, o “André da Baixada”, é acusado de ter assassinado, em fevereiro do ano passado, os traficantes Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”; e Fabiano Alves de Sousa, o “Paca”.
O crime ocorreu na tarde do dia 15 de fevereiro de 2018 numa reserva indígena conhecida como “Lagoa da Encantada”, no Município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). “Gegê do Mangue” e “Paca” foram levados de helicóptero para o local e mortos, cada um, com um tiro de pistola no rosto, como determina o PCC para bandidos considerados traidores da organização criminosa.
De acordo com as investigações realizadas pela Polícia Civil cearense, “André da Baixada” foi o homem que apertou o gatilho, matando os dois traficantes por ordem de outro bandido, o traficante Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, um dos principais importadores de drogas em países como Bolívia e Colômbia, e amigo pessoal do “Número Um” do PCC, o narcotraficante Marco William Herbas Camacho, o “Marcola”.
Segundo a PF, em nota à Imprensa divulgada na noite desta quinta-feira (31), a prisão de “André da Baixada” aconteceu numa operação conjunta da superintendência da PF no Ceará, PF de São Paulo e a equipe da corporação de plantão no aeroporto de Viracopos (SP). Contra o acusado havia um mandado de prisão preventiva decretada pela Comarca de Aquiraz (CE).
Traidor
De acordo com um relatório sigiloso elaborado pelo Núcleo Regional de Inteligência e Segurança Penitenciária da Croeste (Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Oeste do Estado de São Paulo), “Gegê do Mangue” foi enterrado como “traudir” do PCC. Sua morte foi decretada pela própria facção por não cumprir o que prometeu e desviar dinheiro da organização criminosa em proveito próprio.
Conforme o documento, no dia 1º de fevereiro de 2017, ao deixar a prisão, “Gegê do Mangue” prometeu resgatar “Marcola” da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Solto, “Gegê do Mangue” passou a ser a principal liderança da organização criminsa solto. Teria prometido resgatar o chefe, de quem tinha uma grande dívida de gratidão.
Ainda de acordo com o documento, “após ficar um ano em liberdade e nada fazer em prol da facção, nem tampouco organizar o resgate de “Marcola”, “Gegê” foi assassinado a mando de “Fuminho”, amigo de infância de “Marcola”.
“Fuminho” percebeu que “Gegê do Mangue” não iria cumprir a promessa de resgatar “Marcola” e ordenou sua morte. Um dos responsáveis pelo plano de assassinato de “Gegê do Mangue” e de “Paca” também foi assassinado. Era o traficante de drogas Wagner Ferreira da Silva, o “Cabelo Duro”, executado a tiros de metralhadora na porta de um shopping uma semana após o duplo assassinato no Ceará.
Desde que ficou em liberdade, a rotina de “Gegê do Mangue” incluía estadias no Paraguai (produtor de maconha), Bolívia (maior produtor de folha de coca, base para a produção de cocaína) e o Ceará, onde planejava ampliar seus negócios ilícitos. De acordo com o Ministério Público local, os dois traficantes compraram em Aquiraz mansões avaliadas, cada uma em R$ 3 milhões.
Conteúdo: CN7