Região Central: Herança cultural cantada em verso e prosa típicos do nordeste brasileiro, a cantoria dos repentistas carrega em seus poemas a memória popular e a arte do improviso. O Ceará é berço de poetas consagrados como Cego Aderaldo e Patativa do Assaré, que, por meio da viola, mostraram a força da literatura sertaneja, colocando as belezas e mazelas de um povo em rima.
Essa força criativa se perpetua, de geração em geração, e chega na Mostra Sesc de Culturas com o encontro de um dos maiores cantadores repentistas do Brasil, Geraldo Amâncio, com os poetas Guilherme de Almeida Nobre, Damião Monteiro e Lourival Bezerra. O intercâmbio de versos e repentes acontece no dia 26 de julho, na praça da Matriz, em Quixeramobim.
“Os violeiros repentistas são muito fortes e vamos fazer essa troca de saberes entre os artistas, os que estão indo e os que já fazem essa cena do repente e da viola no Sertão Central. A viola e a literatura oral na expressão do cantador é uma manifestação muito forte, porque une literatura, música, poesia, oralidade, história, tradição, mas também contemporaneidade”, explica Chagas Sales, gerente de Cultura do Sesc Ceará.
Com uma trajetória reconhecida no Brasil e no exterior, Geraldo Amâncio é poeta, repentista, trovador, cordelista e contador de causos. Mestre da Cultura e multicampeão em festivais com mais de 150 prêmios, o artista está de braços abertos para trocar repentes e fazer um passeio pelas obras idealizadas e realizadas ao longo dos anos. “É uma experiência acima de tudo de ensinar e aprender. Fico muito grato por participar desse momento, porque o trabalho vai muito além da cantoria. Para ser cantador tem que nascer com o dom de ser poeta. Não é uma coisa fácil trabalhar a métrica de Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, por exemplo”, relata.
Envolvido com os versos desde a infância, quando ouvia cantorias do avô e o tio, Geraldo Amâncio teve nos programas de rádio uma escola e os violeiros como professores de todas as modalidades. Atualmente, busca a renovação dessa arte milenar, transmitindo para as novas gerações seus saberes.
Sobre as expectativas para a poesia cantada e metrificada, o Mestre da Cultura afirma que “esse momento com o Guilherme de Almeida, que vai comigo, é como o encontro da aurora e do crepúsculo. Ele é um jovem de 18 anos e eu tenho a experiência de 73 anos de vida. A renovação na cantoria acontece muito morosamente, mas uma arte que vem desde os califados árabes, não morre. Os cantadores primeiramente são poetas e os poetas sempre vão cantar uns para os outros”.
Serviço:
Repente, Arte e Cordel
Geraldo Amâncio, Guilherme de Almeida Nobre, Damião Monteiro, Lourival Bezerra
Dia: 26/07
Horário: 20h
Local: Praça da Matriz, em Quixeramobim