Polícia Civil deflagra segunda fase da Operação Labirinto e sequestra mais de R$ 4 milhões em bens de presos

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Empresas do ramo de confecção foram sequestradas na Operação Labirinto.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) deflagrou, nessa quarta-feira (12), a segunda fase da Operação Labirinto, que teve como alvo o confisco de bens adquiridos por meio de infrações penais. A operação foi realizada nas cidades de Fortaleza, Baturité, Capistrano e Itapiúna. Nesta fase, a Polícia Civil prendeu quatro pessoas, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão – que resultaram na apreensão de documentos –, além dos sequestros de oito veículos, oito empresas, um apartamento, um terreno situado em um condomínio de luxo e uma carta de crédito no valor de 400 mil reais. O valor total dos bens apreendidos ultrapassa os R$ 4 milhões.

O delegado geral da Polícia Civil, Marcus Rattacaso, explicou sobre o desenvolvimento da operação policial. “Essa é uma operação qualificada que visa exatamente o combate às organizações criminosas basicamente e que tratam de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Na primeira fase, o foco foram os presos. Já nesse segundo momento, além das prisões, foram apreendidos documentos, bens e valores que totalizam algo em torno de mais de quatro milhões de reais. Isso representa um duro golpe nessas organizações criminosas, pois muito mais do que prender, é importante fazer a descapitalização desses grupos. Com a desidratação financeira, bloqueamos a alimentação da teia criminosa. É mais uma operação qualificada, baseada exatamente nas informações de inteligência, e que teve o apoio do nosso laboratório de crimes contra lavagem de dinheiro”, detalhou Rattacaso.

Foram presos Geraldo Botao Fernandes (52), Maria Célia Ferreira Fernandes (50), Auricélia Ferreira Fernandes (30) – todos sem antecedentes criminais – sendo pai, mãe e filha, respectivamente. As prisões ocorreram em Fortaleza, nos bairros Bom Jardim e Mondubim. Além de Helano de França Ramos (35), que responde a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por crime de trânsito. Ele foi capturado em Itapiúna. Contra eles foram cumpridos mandados de prisão.

Foram sequestrados oito veículos – sendo três Toyota Hilux, um VW Golf, um Fiat Uno, um Fiat Toro, uma motocicleta CBR500 e um caminhão VW15 – além de cinco lojas de confecção, um apartamento, um lote de terreno em Fortaleza e duas empresas de distribuição de gás em Capistrano e Itapiúna.

O delegado Huggo Leonardo, responsável pelas investigações, explicou sobre a segunda fase da operação. “Após deflagrar a primeira fase da operação, nós conseguimos descobrir que Carlos Odeon Bandeira, que é o alvo principal da operação, utilizava algumas empresas de familiares da sua esposa para lavar o dinheiro do tráfico de drogas que ele exercia no Sertão Central. Além disso, as investigações apontaram que nas cidades de Itapiúna e Capistrano, o Carlos Odeon possuía algumas empresas do ramo de gás de cozinha, que foram passadas para o nome de um laranja. Então, focamos em confiscar esses bens. O Helano é justamente a pessoa que o Carlos repassou as empresas que antes era no nome falso dele”, disse Huggo.

Ele explicou ainda que todas as empresas do ramo de confecção, sequestradas durante essa fase da operação, eram de familiares da esposa do Carlos Odeon. Os outros três presos dessa ofensiva são sogros e cunhada de Carlos.

Operação

O trabalho policial é resultado de investigações da Delegacia Municipal de Quixeramobim, com apoio da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), sobre o envolvimento de integrantes com o tráfico de drogas e outras práticas ilícitas na região do Sertão Central. Os levantamentos policiais tiveram início em janeiro de 2018, com foco nas negociações de entorpecentes da organização criminosa que atua na região, em especial, nos municípios de Quixeramobim, Milhã e Senador Pompeu.

Participaram da ação, policiais civis das delegacias de Aracati, Aracoiaba, Beberibe, Fortim, Icapuí, Quixeramobim e Redenção, além do 10º Distrito Policial, do Departamento de Polícia do Interior Sul (DPI Sul) e da Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD). A logística da operação foi por meio do Departamento Técnico Operacional (DTO) da PCCE.

Início e 1ª fase da Labirinto

No último mês de abril, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) deflagrou a 1ª fase da Operação Labirinto, que teve como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão em desfavor de alvos que integram uma organização criminosa com atuação em municípios do Sertão Central. Na época, foram cumpridos mais de 90 mandados de prisão e 53 mandados de busca e apreensão.

O delegado relembrou o início da operação policial. “Inicialmente tínhamos como objetivo prender Carlos Odeon, que estava foragido por causa de uma série de crimes no Sertão Central, incluindo a morte de um policial militar. Só que ao longo das investigações, conseguimos descobrir que ele arregimentava uma considerável quantidade de pessoas, não só nessa região, mas em Fortaleza, cidades do maciço do Baturité e até em Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte”, disse.

Ele explicou ainda que o alvo principal da operação foi capturado em São Bernardo do Campo, em São Paulo, quando se preparava para passar por uma intervenção cirúrgica. “Descobrimos onde ele estava escondido em São Paulo, inclusive, nós suspeitamos que ele iria fazer uma cirurgia plástica de mudança de rosto para não ser mais reconhecido tão facilmente pela Polícia. Ele já sabia que estávamos à procura dele. Desde então, 116 pessoas foram indiciadas por diversos crimes que giram em torno do Carlos Odeon”, concluiu Huggo.