Num bonito dia de domingo, final dos anos 70(século passado), o casal Manuel Ferreira e Neusa Queiroz carregava o filho de apenas 3 anos nos braços para assistir a Santa Missa na velha capela do bairro Alto de São Francisco. Ficaram surpresos pelo fato da criança olhar com muito interesse e por um bom tempo para uma imagem de São Francisco de Assis. Se aproximaram e perceberam que ela começou a sorrir como se dialogasse com o querido santo. Era o ano de 1980 e esta criança era Marliano Queiroz dos Santos que muitos anos depois afirmou não lembrar deste momento, mas que continua um grande admirador daquele homem que amava, cuidava dos leprosos quando todos se afastavam deles, tinha carinho pelos animais e construiu uma igreja para Cristo chegando até a ser confundido com ele, tão grande era o seu amor pelas pessoas.
Adolescente, pegava uma vassoura e cuidava da limpeza da igreja tal qual fazia Francisco que varria qualquer igreja que encontrava em seu caminho. Aquela dedicação chamou a atenção do Frei Guido Vieira que passou a confiar ao jovem algumas atividades da capela, nascendo daí uma grande amizade. Foi convidado pelo Frei Guido e Padre Valfredo, sacristão e capelão na época, para exercer as funções de coroinha (ajuda o padre a celebrar a missa e outras cerimônias da igreja). Marliano ficou muito feliz e cuidava com muito carinho do altar e de todas as tarefas de sua responsabilidade.
A paróquia chegou a contar com 35 coroinhas e lembra com carinho de alguns colegas como Cícero Gomes, Rafael, Ricardo, Solonildo, René, Glauber, Leidiane, Cristiane, Zezinho, Marília, Fátima, Elianisa, dentre outros. Lembra com emoção e saudade do Padre Mário Bertoldo Nunes Neto que foi um grande orientador e amigo. Ele nos ajudou e foi muito dedicado ao nosso aprendizado, lembra emocionado. Marliano nos conta que conviveu com grandes nomes que ajudaram no crescimento da igreja de São Francisco. Afirma que mesmo tendo passado pouco tempo na paróquia, Frei Otacílio foi um benfeitor e conquistou a amizade de todos. Em seguida, Frei Demétrius que ficou durante 6 anos dirigindo os destinos da igreja.
No começo dos anos 90, chegou o Padre Aldo que deu total assistência a zona rural e foi o responsável pela construção da capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no Mutirão. Faz questão de afirmar que Padre Aldo sempre contou com o apoio de Dom Adélio Tomasin no seu empenho em construir capelas para que a palavra de Deus também chegasse nos sertões quixadaenses. Durante 9 anos, Padre Aldo esteve à frente da paróquia de São Francisco. Terminou o tempo do dedicado sacerdote e começou as atividades de um verdadeiro herói, segundo Marliano, no caso, o Padre Rosalino Vanzin, um gaúcho que conquistou o coração dos fiéis e da própria comunidade pois veio determinado a construir uma nova igreja. Lembra do esforço do sacerdote que juntamente com os fiéis(ou não) tornou possível o sonho de uma nova igreja. Na despedida de Rosalino depois de 10 anos dedicados ao trabalho de evangelização, por volta de 2008 ele foi transferido e na sua despedida muitas lágrimas e uma grande saudade. Merece também ênfase a atuação do Padre Valdenor que destacou-se por ser muito envolvido com as famílias e não apenas católicas.
Com lágrimas nos olhos, lembra com muito carinho de Monsenhor Orlando que em pouco tempo caiu nas graças dos paroquianos e dos moradores do bairro. Desde muito jovem, o sonho de Marliano era, era não(ainda é) se tornar um sacerdote pois diz sentir-se atraído por um chamamento de Deus. Este ser humano maravilhoso está com 40 e poucos anos e sabe que há um limite para o sacerdócio. Não vamos despertar nosso amigo deste lindo sonho. Entende perfeitamente que podemos servir a Deus de várias formas e que continuará sempre um homem muito religioso. Ele participa das atividades da paróquia sempre com muita dedicação. Fala emocionado do movimento Liga do Pão de Santo Antônio cujo objetivo é amparar as famílias mais humildes e pessoas idosas. Esclarece que os grandes nomes para o surgimento desta santa atividade foram Maria Sampaio e frei Valfredo na década de 80(século passado). É bom ressaltar que toda terça-feira acontece a missa dos idosos quando na oportunidade são distribuídos pães aos presentes.
Atualmente, dirige a Liga do Pão de Santo Antônio com muita eficiência e dedicação a professora Carmelita que conta com a colaboração de muitos paroquianos. Não esquece do santo(ele considera) e querido amigo Padre José que foi chamado por Deus em 2009. Lembra que este sacerdote visitava os lares, não apenas de família católicas. Também visitava e dava assistência aos doentes. O sentimento humano é aquele que mais aproxima as pessoas de Deus e Padre José era aquele que não faltava nos momentos de incertezas.
Atualmente, Marliano se dedica a acompanhar o novo momento da igreja de São Francisco e colabora nas atividades religiosas nas comunidades sertanejas e também na zona urbana. Teve, sim, muitas oportunidades de seguir outros caminhos mas fez a escolha de se dedicar a vida religiosa e em especial, colaborar na divulgação da missão de São Francisco que é seguir a Cristo e amparar os irmãos mais necessitados.
Com certeza, quem necessitar encontrar Marliano, não precisa ir muito longe. Vá numa igreja franciscana mais próxima e o encontrará. Queria pedir aos meus estimados amigos que não o despertem do seu sonho de se tornar um padre. Sonhe, sonhe muito, Marliano. Afinal, como alguém já falou por aí, sonhar é melhor que viver. Mereces ser feliz, caro amigo, pois todos os dias dás um sorriso para as pessoas que nem sempre o conhecem. Sempre falas em palavras de conforto e esperança. Na sua simplicidade e bondade nem sabes o grande valor que tens. Toda a comunidade quixadaense tem um grande carinho por este jovem. Ele personifica a grandeza de caráter, a bondade. Na sua grande simplicidade nos mostra que é possível um mundo melhor de se viver.
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Coluna Amadeu Filho