É com um enorme peso no coração que confirmamos neste espaço a partida do nosso estimado amigo Eduardo Bananeira (Carlos Eduardo Nogueira). Nós, seus amigos quixadaenses, nos unimos à consternação e dor que neste momento vive a sua família. Obrigado Eduardo por teres nos mostrado o verdadeiro sentido da palavra amizade. Obrigado por nos fazeres fortes quando pensávamos ser fracos no enfrentamento da dura realidade que todos vivenciamos no dia a dia.
Por trás daquela pessoa que parecia sempre muito séria, um coração de criança e jamais contaminado pelo orgulho ou pela prepotência. Ele gostava de fazer amizade até com quem nem sabia o nome e era chegado a uma boa prosa como os amigos mais constantes. Com certeza, este jeito brincalhão herdou do pai vovô Bananeira(Carlos Nogueira de Milão) e o carinho para com os colegas de trabalho e amigos aprendeu com a mamãe Maria Soledade. Vovô Bananeira foi um símbolo da alegria e da irreverência na terra dos monólitos.
Eduardo era uma espécie de bússola para toda a família pois alertava para a necessidade do estudo, sempre lembrando que os objetivos e as metas que se pretende atingir só o estudo é capaz de realizar. Com sacrifício, foi estudar em Fortaleza e sempre chamou a atenção de professores e colegas pela inteligência e dedicação. Chegou a obter aprovação em vestibulares, mas não efetuou matrículas pois a sua vocação situava-se entre a Medicina e a carreira de professor. Era sempre requisitado por escritores para a revisão de textos literários o que garantia qualidade nas publicações. O escritor João Eudes Costa que o chamava de “Nego Eduardo” devido à grande amizade entre os dois, afirmou que na missão de revisar textos ele se destacava pela seriedade e por identificar logo no primeiro contato com o texto as inadequações gramaticais.
Devotava um amor imenso aos irmãos Martelo(José Alberto), Cem(Francisco Carlos), Manoel, Caetano, Baía(Maria Raimunda), Elvira, Florinda, Ozélia, Leide, Teonília e Benvinda. Pai amoroso de Carlos de Milão e Elton Luís, soube transmitir com habilidade todo o amor de que eles necessitaram para se tornarem corretos profissionais em suas atividades. O caráter dos jovens Carlos de Milão e Elton refletem a grandeza de seu querido pai. Naquelas horas incertas que todos os seres humanos enfrentam, Dudu (como era carinhosamente chamado pelos amigos) tinha um anjo da guarda ao seu lado por nome de Edna Queiroz que lhe foi presenteado pelo bondoso criador.
Por vários anos, lecionou no Colégio Estadual e em outros estabelecimentos e destacou-se como educador no ensino da Língua Portuguesa, sendo muito requisitado pelo público jovem que iria se submeter aos concursos públicos. Na verdade, ele era um apaixonado pela língua de Machado de Assis e era um devorador de livros, em especial, de Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz e gostava de repassar para os amigos os contos de Moreira Franco. No Colégio Estadual teve como colegas Valda Alves, Raimundo, Wanderlei, Pery, Lolota, Betinha, Florinda, Hill Holanda, Ailson Silveira, Sargento Moreira, Nivaldo, Valdomiro, Carlinhos, Miranda, Oswaldo Silveira, Gilson, dentre outros.
Durante alguns anos, pertenceu ao quadro de funcionários do Banco do Brasil que lhe serviu como grande aprendizado, segundo afirmou para algumas pessoas. Mas a saúde não lhe permitiu permanecer muito tempo na profissão. Certa vez, me falou que fez grandes amigos naquela instituição e jamais esqueceu aqueles que foram morar distante de Quixadá. Era um amante e estudioso da evolução da Música Popular Brasileira e tinha uma verdadeira admiração pelo cantor Orlando Silva a quem considerava o melhor de todos até os dias atuais.
E agora, como serão nossas idas para a igreja do Alto de São Francisco sem a presença do Dudu sentado em uma cadeira de balanço na calçada de sua casa e sempre pronto para uma boa prosa. Mas, houve apenas o desaparecimento físico. Com certeza, aquela alegria sempre presente, o brilho nos olhos pela chegada de um familiar ou amigo há de continuar presente na vida de todos nós. Mantermos uma atitude sempre de coragem no enfrentamento da vida, gostar das pessoas, da natureza e dos animais é ter a garantia da presença de Eduardo para todo o sempre entre nós.
Dudu, agora que estás na suave companhia de Deus, pede paz para a nossa querida cidade que tanto amas. Receba um forte abraço deste teu simples amigo radialista. Olha, se aparecer algum portador, mando notícias chocantes aqui de Quixadá. Permanecerás sempre vivo em nossas lembranças!
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