Durante certo tempo, a terra dos monólitos parou para acompanhar com bastante apreensão o estado de saúde de um de seus filhos mais ilustre e querido não só na cidade mas nos sertões a quem tanto deu atenção quando que esteve à frente do governo quixadaense nos anos de 1973 a 1977(primeiro mandato) e 1983-1989(segundo mandato). Antes foi vereador da Câmara Municipal de Quixadá em 1959. O coração de Aziz Okka Baquit não teve como suportar a imensa carga de preocupações e responsabilidade de proporcionar uma vida melhor para os filhos de Quixadá, em especial, os mais humildes. E, durante algum tempo ficou longe daqueles que tanto o amavam.
Prova maior desse carinho e grande tristeza que tomou conta de todos foi o fato de se unirem em preces para que seu coração continuasse a bater e assim servindo a cidade que sempre amou. Para ele não havia este papo de distinção social e a todos recebia com aquela mansidão e habitual cumprimento: “Tudo bem, meu jovem?” Mas Deus que tudo comanda, confortou a todos e trouxe de volta ao nosso convívio o homem que foi símbolo da simplicidade e do amor ao próximo. Jamais, em tempo algum, foi político profissional mas um funcionário do povo como gostava de ser chamado. A sua volta parece ter alegrado até as pedras pois delas recebeu um afetuoso abraço. Parece até que elas tinham certeza de seu retorno. O carinho que Aziz recebeu nos seus difíceis momentos foi uma forma de gratidão dos quixadaenses a uma pessoa que não se negou a socorrer quem dele precisasse.
O ex-vereador e industrial Junnior Capistrano contou a nossa reportagem que uma senhora muito doente precisava ser transferida para Fortaleza com urgência, mas só que ninguém quis emprestar seu transporte pois a terrível doença contaminava qualquer ambiente. Aziz que havia comprado um carro na véspera, ordenou que o motorista conhecido como Coquinho a levasse até a capital com a recomendação de só retornar quando ela fosse atendida pelos médicos, inclusive indicado por ele.
Quando esteve à frente dos destinos de sua querida Quixadá esta possuía uma vasta área territorial, pois ainda não tinha acontecido a emancipação política de Ibareama, Banabuiú e Choró. Mesmo dispondo de parcos recursos conseguiu com habilidade e serenidade imprimir um governo cujo objetivo maior era dar assistência as áreas mais pobres da bela cidade. Os analistas da administração de Aziz sempre exaltaram o fato da Educação ter sido a sua meta prioritária, daí o fato de ter sempre contado com a firme colaboração de José Airton Borges, Francy Gurgel, Regina Holanda Amorim, professor Luiz Oswaldo e outros nomes de escol da área educacional.
O envolvimento de Aziz, dos educadores e de toda a comunidade foi fundamental para o surgimento da tão sonhada FECLESC (Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central). Ele construiu 17 prédios escolares nos distritos de Ibaretama, Choró e Banabuiú para funcionamento de escolas de primeiro grau e realizou melhoramentos na parte física de muitos estabelecimentos de ensino.
Sempre teve grande preocupação com as pessoas idosas e que estavam desamparadas, tendo fundado a “Casa do Idoso” que foi responsável por amparar durante bom tempo essa fatia da população. Louve-se o trabalho das senhoras Paula Francinete Diógenes Baquit, primeira dama, e Maria Vilanir França de Lima. Se faz necessário lembrar que a vice-prefeita Regina Amorim participava das grandes decisões tomadas por Aziz que fazia questão de ouvir a todos os seus auxiliares.
Algumas vezes, Regina Amorim assumiu a chefia do executivo e o fazia com seriedade e dedicação. O memorialista João Eudes Costa faz questão de afirmar que durante seus dois mandatos, Aziz sempre contou com o apoio incondicional do seu amigo Everardo Silveira, que na qualidade de médico e deputado sempre se mostrou disposto a colaborar.
Gostava de esportes e nos seus dois mandatos aconteceram diversas competições esportivas. Em seu governo que foi construído o Ginásio Coberto Governador Gonzaga Mota com capacidade para 6.000 pessoas. A iluminação do Estádio Municipal então com a denominação de Imigrantes foi iniciativa da Prefeitura e possibilitou uma melhor utilização daquela praça de esportes. Nos bairros que apresentavam as maiores carências, o inesquecível homem público deu total assistência dentro das possibilidades financeiras do município. Citamos apenas algumas das realizações das administrações do prefeito que verdadeiramente, se tornou um amigo do povo.
Filho do industrial Abraão Baquit, de família libanesa, nasceu na terra dos monólitos em 25.08.1935 e é irmão de José Baquit que também administrou Quixadá nos anos de 1963 a 1967. O seu filho Osmar Baquit é deputado estadual e outros componentes da família atuam em setores ligados as últimas administrações, seja no poder executivo ou legislativo.
Por mais que o nome Aziz seja ligado ao fator político, ele será lembrado como aquele cidadão que sempre despertou nas pessoas sentimentos de confiança, de amizade e uma simplicidade a toda prova. Sabe aquele tipo de pessoa que nos faz bem? Assim era este quixadaense querido que tornou-se cidadão do céu em 24.05.2007. Uma verdade absoluta foi que Aziz amava Quixadá e sua gente. Quando esteve em São Paulo onde foi operado pela equipe médica do renomado cardiologista Dr. Zerbini, logo que iniciou o período de recuperação perguntava aos familiares e amigos quando voltaria a sua querida Quixadá. Certa vez quando lhe propuseram uma candidatura a Câmara Federal, Aziz assim se expressou: “Se for para sair de Quixadá não quero nem a Presidência da República!“
Aziz Baquit, com certeza, continua vivendo em nossa saudade.
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