Nascida em Quixeramobim e filha de agricultores, Dona Zilá, 83 anos, demonstrou seu interesse pela indústria da transformação desde criança, hoje, mestre de ofício da renda nhanduti, ela multiplica a técnica pioneira no Estado e amplia os horizontes com a produção de sapatos artesanais sustentáveis na região Central.
Com foco no repasse da técnica nhanduti, geração de trabalho e renda, as oportunidades estão surgindo vindo da capital e de outros estados. “Os sapatos sustentáveis são comercializados com qualidade para os mercados local e nacional, e futuramente internacionalmente, quando ganhar maiores proporções com as redes sociais. Colocamos o artesão frente a frente com o mercado”, reforça Dona Zilá.
Estimular e fortalecer a organização econômica e social tem sido umas das bandeiras de defesa do Grupo Frivolitas, formado por artesãs, sapateiros e acompanhamento do designer, Erico Gondim. O fomento do projeto é do Sebrae Ceará com o apoio da Prefeitura Municipal de Quixeramobim, através da Associação de Artesãos do município.
Com a matéria-prima vinda dos restos de materiais industriais calçadistas da região, as artesãs moldam os novos pedidos de acordo com a primeira Coleção Frivolitas. São em média 10 artesãs, 3 sapateiros e 6 pessoas capacitadas, oriundas do assentamento Caraíbas. O grupo consegue atender 40 pedidos de sapatos por mês. Os sapatos são comercializados ao preço final de R$70.
“Somos perfeccionistas nos detalhes e a renda nhanduti é o maior obstáculo. No município não se tem tantos sapateiros e os poucos que existem, ajudam na produção dos pedidos. Temos um prazo de uma semana para entregar cada par de sapatos”, disse Dona Zilá.
Fazer um produto bem feito com design atemporal tem conquistado muita gente na capital e cidades do interior. “Nossa matéria-prima começa onde todos os outros terminam, com as sobras. Não queremos somente que eles sejam inseridos no mercado, temos interesse em ensinar a técnica do rendado nhanduti para mais pessoas. Somos empreendedoras sociais e pensamos muito além, na geração de emprego e renda”, afirma Zilá.
A primeira coleção feminina de sandálias e sapatilhas possui forte identidade local e regional. Através de consultorias promovidas pelo SEBRAE Ceará foi desenvolvendo um negócio inovador, agregando mais valor às peças e mantendo o conceito sustentável, sem uso de origem animal.
As redes de lojas, designers de moda e desfiles de moda sustentável pelo país afora é um dos objetivos do grupo em participar. O Sebrae tem sido o responsável por propagar os produtos de grupos de artesãos, como tem demonstrado sua evolução e expansão dos negócios com a consultoria da instituição.
Sobre o Frivolitas
O grupo de Quixeramobim é responsável pelo repasse da técnica Nhanduti e Frivolité, gerando preservação da cultura popular e renda para comunidades locais. A nova coleção artesanal é composta de reaproveitamento de material das fábricas da região e da aplicação do Nhanduti. O Projeto de Resgate de Ofícios Artesanais é uma realização do SEBRAE Ceará – Escritório Regional Sertão Central.
Crédito para fotos e designer: Érico Gondim
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