Vamos rebocar a parede da sala prá gente dançar ao som da sanfona de Chico Justino. Vem aí o seu primeiro e tão aguardado DVD. Ele quando toca, com certeza, o povo gosta. Justino é poesia pura. Aquele som que sai de sua sanfona nos transporta as coisas mais belas do sertão como um fogão a lenha preparando um gostoso café, lembra um bom vaqueiro nas quebradas do sertão, uma lamparina com aquela luz azulada que parece vir do céu ou um sertanejo com aquela cabaça transportando água. Eita, sanfoneiro macho! Olhem para o rosto dele. Parece um mapa de um pedaço do sertão, não é? O homem tá famoso e hoje é reconhecido em todo o Brasil.
Grandes medalhões como Dominguinhos e Luiz Gonzaga falaram que o homem é bom. Mas, aqui para nós, não falem isso na frente dele, pois este cidadão de Capistrano transmite simplicidade e aí está uma de suas grandes marcas. Apesar da dimensão que alcançou na sua carreira, Chico continua aquela pessoa bondosa e atenciosa com todos. Assim como chuva no sertão, a notícia da produção deste DVD já está movimentando os amantes do autêntico forró em todo o estado.
Com o objetivo de obter mais informações sobre este projeto, procuramos o justinista maior que conhecemos que é o professor Assis Lopes que nos repassou informações preciosas. Para começo de conversa, Assis destacou que um dos objetivos desta produção é deixar na história a musicalidade, a genialidade de Chico Justino, além de servir de bússola para aqueles que querem se dedicar a este símbolo nordestino que é a sanfona. Faz questão de ressaltar que na atualidade, ele é reconhecido em todo o Brasil, inclusive se apresentando com nomes de pesos da MPB e também participando de várias gravações.
Cita, por exemplo, o fato de Dominguinhos ter feito questão de levá-lo nas suas andanças pelo Brasil. A majestade do baião, Luiz Lua Gonzaga, fazia ótimas referencias ao Chico. Nos informou ainda que o talentoso artista veio para Quixadá pelas mãos do mestre Dudu Viana onde morou e atuou em alguns grupos musicais ou se apresentando apenas com o instrumento.
Assis conheceu Justino em Capistrano, anos 70, quando ele dava os primeiros passos no toque da sanfona acompanhado pelo respeitado pandeirista da serra de Baturité, Vicente Pinto. Não demorou muito tempo e o sanfoneiro ainda na doce juventude começava a roncar seu fole nos espaços sertanejos e a turma já adorava brincar, quer dizer, dançar ao som do bamba de Capistrano. Segundo Assis, muita gente namorou e até casou ouvindo e dançando ao som deste sanfoneiro. E disse mais que seu primeiro instrumento foi uma sanfona chamada “Pé de bode” que o pai lhe presenteou ao receber como pagamento de uma dívida. No começo, o pai não se interessou muito pelas tentativas de Chico em aprender a tocar o instrumento, mas com o tempo passou a apoiá-lo ao perceber que ele levava jeito.
O documentário mostrará o sanfoneiro ainda menino dando os primeiros passos na localidade de Pesqueiro em Capistrano. Certamente, serão mostradas imagens da terra dos monólitos, Canindé, Quixeramobim e de outras localidades do Ceará. O atual momento do artista que hoje tem residência em Fortaleza, onde é bastante popular, terá um destaque todo especial. A produção de um DVD exige uma logística profissional e as enormes dificuldades são conhecidas por aqueles que são do ramo. Por isso mesmo, muita gente está envolvida no projeto, não apenas da área musical, mas fãs do artista, colegas de trabalho, amigos e empresários.
Aqueles que atuam na área comercial da terra dos monólitos também farão sua parte ajudando aos produtores com publicidade sabedores que são da dimensão da arte de Chico Justino.
O professor Assis é o coordenador do projeto aqui em Quixadá e não é difícil encontrá-lo nos diversos locais da bela cidade na busca de apoiadores para a produção do DVD. Sabe-se que na capital cearense o ritmo de produção já está bastante adiantado. O povo nordestino é sábio e aprova com louvor a iniciativa desses idealizadores e guerreiros que lutam para divulgar a verdadeira arte sertaneja nos mostrando que ela ainda respira. Não é fácil conquistar o respeito e um público fiel tendo a música instrumental como base de seu trabalho. Ele conseguiu porque seu talento é inquestionável.
Enquanto o DVD não chega em nossas mãos, vamos colocar um disco de Chico Justino e dançar bem coladinho imaginando se encontrar numa sala de reboco numa simples casa deste sertão de Luiz Gonzaga, Padre Cícero, Patativa do Assaré e Frei Damião. Palmas para Chico Justino! Ele merece!
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