Nos anos 90, um grupo de chorinho, samba, seresta e outros ritmos dominou a cena musical na terra dos monólitos. Seu nome, “Oiramil Som” que despontou graças a vinda para Quixadá do jovem Limário que além de atuar na música, foi funcionário de várias empresas e se tornou uma das pessoas mais queridas da cidade, pois sempre tratou a todos com cordialidade. É conhecido pelos amigos como “Limário da Coelce” e uma de suas marcas é fazer amizades. Vamos ver amigos como tudo começou e surgiu este famoso grupo musical.
Na pequena Morada Nova do final dos anos 50, um garoto ficava encantado ao ouvir o avô Pedro Lemos Nobre tocando concertina(pequeno acordeão) e pra falar a verdade, toda a família do menino adorava música. Seu Libano, pai amoroso comprou vários instrumentos como sanfona, violão, banjo, violino, pandeiro e até rabeca. E aí a casa era uma verdadeira festa com muita música e, é claro, aquela família se apresentava em outros espaços da região. O instrumento que Limário adotou foi o pandeiro e apesar da pouca idade sabia da importância dele no desenvolvimento da percussão num grupo musical. Lembra que ficava encantado ao ver Jackson do Pandeiro dando verdadeiro show neste instrumento.
Quando contava 13 anos, o sanfoneiro Climério Moura pediu a autorização de seu Libano para o garoto acompanhá-lo nas suas apresentações. Ficou conhecido na região como o “Lourinho do Pandeiro” e passou a ser disputado por vários sanfoneiros. Quando a família veio para Quixadá no ano de 1964, o jovem pandeirista fez amizade com o músico Paulo Viana que muito o incentivou e até o convidou para fazer parte de sua banda que contava ainda com outros músicos como: Mauro do trombone, Milton, Zé Cêra, Manuel. Com certeza, ter trabalhado com Paulo Viana foi um grande aprendizado. Visando melhorar seu desempenho como músico fez amizade com Dudu Viana que além de professor, foi um grande amigo.
A ideia da criação do “OIRAMIL” surgiu de um bate papo entre os amigos Carlão, Kíldare, Pedro Cabral num bar próximo ao Posto Quinzinho. Alguém pediu para Limário pegar o pandeiro e, então, aquele espaço foi tomado por música de qualidade e, de repente, muitas pessoas chegaram mais perto para apreciar o show daqueles bambas. Estávamos no começo da década de 90(século passado) num Quixadá ainda cheio de paz e poesia. O ‘quartel general’ do grupo era a barbearia onde trabalhavam os também músicos Raimundo do bandolim, Nezinho do afoxé e mais gente foi se integrando como Mazinho, Vinicius, Holanda, o famoso seresteiro Ronaldo Miguez, Waldir do Cavaco, Chico Justino(famoso sanfoneiro nos dias de hoje), Zé Filho, Guimarães, Zé Raimundo. Merece registro especial o belo trabalho desenvolvido pelo Miguel, responsável pela qualidade de som.
Durante muito tempo, o “Oiramil Som” foi a grande atração das noites quixadaenses participando de muitos eventos e até foi convidado para apresentações em outras cidades do interior cearense. Foi convidado e participou do programa de Carneiro Portela na televisão e graças à recepção do auditório tocou durante 15 minutos. O professor Assis Lopes, grande incentivador, acompanhou os músicos até fortaleza e sempre dando orientações sobre o modo como deveria se dar a apresentação. O sucesso do grupo foi tão grande que a maioria das apresentações eram filmadas e os admiradores curtiam no velho e bom vídeo cassete no conforto do lar. Com certeza, o “Oiramil Som” foi uma das melhores coisas que já aconteceu com a nossa arte musical, tendo encerrado suas atividades no ano de 1998.
Merece destaque o fato de alguns quixadaenses terem ajudado na compra dos instrumentos e outros equipamentos necessários à atuação da nova sensação da música quixadaense. Quando o grupo encerrou as atividades, Limário que não conseguia se afastar da musica criou junto com os filhos o “Só Prá Pagodear” que , apesar da qualidade musical, teve vida efêmera. Agora que conhecemos um pouco da trajetória do grupo musical, Vamos saber um pouco mais sobre este cidadão que desde que chegou em Quixadá só tem feito grandes amizades. Florêncio Limário Maia é o seu nome de batismo e nasceu em Morada Nova, cidade que é para ele ao lado da terra dos monólitos, dois grandes amores.
Filho de Raimundo Libano Maia e Maria Lemos Nobre que decidiram vir morar em Quixadá quando o garoto contava 16 anos. Seu Libano tinha absoluta certeza que na nova cidade poderia desenvolver melhor seu trabalho e as crianças teriam uma melhor qualidade no quesito Educação. Limário estudou no Grupo José Jucá e guarda doces lembranças de professores e colegas. Depois da aula, trabalhava como taxista e muitas vezes, ia até a estação ferroviária onde pegava passageiros, mas também comparecia a outros locais. Lembra dos seus colegas de trabalho como Chico do Ovídio, Muriçoca, Anun, Têteu, Almeida, Eurico, Cícerro Burro Preto, Zezé, dentre outros. Estávamos no final dos anos 60 e esta atividade continuou na década de 70(século passado). Depois do trabalho como taxista, Limário foi trabalhar na loja do Zé Lopes. Chegou também a trabalhar em construtoras de asfalto como motorista e em seguida passou a desenvolver sua atividade profissional com as irmãs religiosas, onde fez grandes amizades. Convidado pelo amigo Amorim foi fazer um teste na capital para trabalhar na CENORTE(depois COELCE e mais recentemente, ANEL) e sempre esforçado e dedicado foi aprovado com louvor.
Trabalhou nesta empresa de 1972 até 1996 ao lado de colegas que se transformaram em grandes amigos como Abelardo, Eristeu, Geraldo Pedrosa, Zé Viana, Zé Louro, Ademar, Eimar, Camburão, Tuca, Grilo, Paulinho, Luiz Delfino, Arimatéia, Arnóbio, Washington, Monsueto, Assis, dentre outros.
E aquele amor tão esperado, de repente, apareceu em sua vida e esta pérola responde pelo nome de Maria Eridan Maia e daquele dia em diante, tudo se transformaria na vida dos dois. O casamento aconteceu em Ibicuitinga na igreja de Nossa Senhora dos Remédios em meados dos anos 60, sob as bênçãos do padre do Céu e incontáveis amigos acompanharam a cerimônia. Os filhos e também os netos são os maiores tesouros na vida deste abençoado e querido casal. Além da enorme contribuição que deu a nossa arte musical, o conhecido Limário da Coelce é uma pessoa queridíssima na terra dos monólitos pela sua simplicidade, por sempre estar disposto a socorrer os amigos naqueles momentos de dificuldade e pelo bom caráter que é. O “Oiramil Som” permanece presente nas lembranças daqueles que apreciam música de qualidade.
Vamos aproveitar o mote desta nossa coluna e juntos vamos adentrar nas felizes noites quixadaenses de anos atrás e saber mais como nossa boa gente se divertia. Se precisarem de mim, me chamem, pois darei minha pequena, mas cheia de entusiasmo, colaboração.
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