O advogado, educador e escritor quixadaense Antônio Ailson da Silveira Medeiros sempre ocupou nos locais onde desenvolveu seus serviços profissionais o cargo de chefia. Existem os mais diversos tipos de chefes como os pacientes, os egoístas, os falsos, prestativos e, porque não dizer, existirem para todos os gostos. Arrisco palpitar que Ailson sempre teve o perfil de um amigo dos comandados, mas com a prevalência do relacionamento profissional e a necessária separação dos assuntos de interesse do trabalho com os pessoais. Ele garante que a amizade entre as pessoas é benéfica para o sucesso do trabalho e assegura que o fato de sempre tratar com respeito àqueles que estão sobre seu comando nunca prejudicou seu desempenho profissional.
Para sermos bem precisos, amizade é uma realidade que faz parte da vida deste cidadão de irrepreensível conduta e reconhecida simplicidade que o tornou figura das mais queridas na terra dos monólitos. Foi no Colégio Estadual Coronel Virgílio Távora que Ailson marcaria de forma definitiva o seu nome como bom gestor educacional, atraindo assim, a atenção de outros setores da cidade. Comprometimento e envolvimento com os diversos espaços da escola e um carinho enorme com os colegas de trabalho e os alunos o tornaram querido e respeitado. Bom lembrar que começou a trabalhar no Colégio Estadual levado pelas mãos do inesquecível João Bosco Silveira que o apresentou ao diretor Glauco Barreira Magalhães que estava a necessitar de um novo professor de Português para substituir Eduardo Bananeira que iria exercer outras atividades.
Era começo da década de 70(século passado) de um Quixadá cheio de poesia. Já tinha uma razoável experiência como educador, pois lecionara no Colégio Santa Cruz, no bairro de Parangaba, em Fortaleza. Sempre dedicado, entregando-se de “corpo e alma”, como se fala por aí, chegou até ao cargo de diretor, exercendo tal mister por 21 anos, 5 meses e alguns dias.
Como estabeleceu metas e objetivos com grande parte dos resultados almejados sendo obtidos, chamou a atenção dos homens que conduziam os destinos do município. Por ter tornado possível mais qualidade no funcionamento do Colégio Estadual, não demorou a ser convidado pelo prefeito de então, Aziz Okka Baquit, em sua segunda administração(1983-1989) para compor sua equipe de assessores, onde viria a contribuiu de forma eficaz para a implantação de uma reforma administrativa e atuando com notável destaque no setor educacional tendo integrado o Conselho Curador da Fundação Educacional do Sertão Central-FUNESC ao lado dos médicos Antônio Moreira Magalhães e José Everardo Silveira.
O Dr. Carlos Lima ao assumir a presidência do Poder Legislativo quixadaense no ano de 1989 o convidou para o cargo de assessor jurídico. Ailson foi peça fundamental na criação da Lei Orgânica do Município que foi elaborada com a participação de todos os 21 vereadores. Faz questão de ressaltar a grande colaboração do jovem vereador Eduardo Bezerra na elaboração da redação final do texto da Lei Orgânica. Sabemos que além de atuar judicialmente ou extrajudicialmente na defesa dos interesses da Câmara Municipal, a Assessoria Jurídica também atende o público externo que busca informações sobre os atos dos vereadores ou ainda necessitam de informações sobre as leis que regem a vida administrativa da cidade. Foi este contato com as pessoas que procuravam o setor jurídico que inspirou Ailson a escrever o livro “A História Política e Administrativa de Quixadá” que servirá de leme para orientar os que buscam conhecer, não só o funcionamento da Câmara, mas muito da engrenagem administrativa da terra dos monólitos. É seu intento esmiuçar detalhes relacionados à nossa história.
A publicação deste livro é aguardada com muita expectativa por toda a comunidade, pois preencherá uma lacuna ausente em nossa bela história. A maioria dos amigos e admiradores do competente profissional pensava que ele era quixadaense. Não é não. Nasceu na localidade de Serrinha, serra de Baturité, pertencente à área territorial de Redenção no dia 12.07.1944. Veio para a terra dos monólitos no começo da década de 50(século passado), pois os pais Joaquim da Silveira Medeiros(Quincas) e Francisca Ricardo da Silveira(Nenen Ricardo) pretendiam dar uma melhor qualidade de vida aos meninos e, em especial, melhores condições de estudo.
Quincas montou um comércio na praça da estação logo conquistando uma boa freguesia. O garoto Ailson se matriculou no Grupo Escolar José Jucá, mas não demorou muito e foi transferido para o Grupo Adolfo Siqueira Cavalcante, pois o “José Jucá” passou a atender apenas o sexo feminino. Sempre se dedicando as aulas com bastante interesse concluiu o curso primário. Naqueles anos, só existia o curso ginasial em escolas particulares e com muito sacrifício Quincas e Nenen Ricardo conseguiram matriculá-lo no Ginásio Waldemar Alcântara, concluindo esta etapa em 1960. Para dar sequência aos estudos dos filhos, o casal teve que ir para Fortaleza, e claro, enfrentando muitas dificuldades, tirando ‘leite de pedra’, como se fala por aí. Uma casa foi alugada e Quincas montou um pequeno comércio para ajudar nas despesas. Nosso amigo matriculou-se no Liceu onde fez o curso clássico e teve a oportunidade de aprender com renomados professores cearenses.
Momento da colação de grau em Direito-momento inesquecível
Sempre sonhou em seguir a carreira jurídica que permite um vasto leque de atuação e depois de muito esforço, dedicação quase integral, concluiu no ano de 1970, o tão sonhado curso de Direito. Apto a exercer a profissão por quem sempre foi apaixonado, só pensava em voltar para cidade do seu coração e assim, depois de 10 anos na capital, veio morar definitivamente em Quixadá.
Apesar da seriedade no trabalho, ética e responsabilidade, Ailson é uma pessoa leve, comunicativa e acima de tudo, um amigo, não só dos colegas de trabalho, mas de muitas pessoas da comunidade. Nas horas de folga, gosta de ouvir a voz de Orlando Silva e no futebol é torcedor do Ceará, Botafogo e Quixadá Futebol Clube. É fã de Garrincha e Nilton Santos e defende que a melhor seleção brasileira foi a de 1970. Sempre estar a lembrar que a amizade é uma das joias mais preciosas da vida.
Homem de vasta cultura apesar da simplicidade e um admirador do pensamento grego da antiguidade, gosta de repetir uma pérola do advogado e intelectual Séneca: “Nunca a fortuna põe um homem em tal altura que não precise de um amigo“. Sabemos que num posto de chefia deve prevalecer a postura profissional, mas Ailson sempre soube manifestar o seu afeto e carinho com as pessoas que trabalham com ele. É por isso mesmo que vive em constante paz interior, pois espalhar bondade e carinho com colegas de trabalho e amigos é com ele mesmo. Antonio Ailson da Silveira Medeiros está guardado no lado esquerdo do peito dos filhos da terra dos monólitos.
- Coluna Amadeu Filho – autor