Tristeza para a história: prédio com mais de 100 anos é derrubado em Quixadá

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Nos últimos anos, o crescimento imobiliário da cidade de Quixadá avançou sem nenhum controle. A modernidade, aliada ao sistema capitalista, buscam sempre obter vantagem sem se importar com o patrimônio histórico, e isso vem apagando a história do município, sendo uma dela a derrubada de prédios antigos.

Neste sábado, um dia importante para a história, Data Magna do Ceará, que comemora-se em referência ao fim da abolição de todos os escravos no Estado. O Ceará foi à primeira província do Brasil a abolir a escravidão, em 25 de março de 1884. Porém, esse importante marco na história teve mais um triste fim em Quixadá, um prédio com mais de 100 anos de construção foi derrubado. Tudo indica que no local será construído um novo ponto comercial.

O prédio que ficava na esquina das Rua Epitácio Pessoa com Francisco Eneas de Lima, foi mais um que tombou, finalizando a sua história e importância para a terra dos monólitos. O escritor e memorialista João Eudes Costa, lamentou dizendo que já esperava a noticia.

O escritor quixadaense lembra que o prédio tem mais de 100 anos, sendo que em 1905 foi sede do Instituto Louro Sodré. É possível encontrar na página 208, do livro Retalhos da História de Quixadá, 2002, que este colégio funcionou no prédio situado na eqüina da praça Dr. Revy (atual José Páscoa) com a Rua Epitácio Pessoa, pertencente à época ao rico empresário Francisco Queiroz Pessoa. O Instituto Louro Sodré foi fundado e era mantido pelos senhores: José de Queiroz Pessoa, pelo farmacêutico Carlos de Miranda Filho, por João de Almeida e Joaquim Costa Lima. Era um colégio que funcionava à noite e exclusivamente para pessoas do sexo masculino.

Este colégio foi responsável por fazer uma apresentar de recepção do primeiro presidente a visitar Quixadá. Em 1906, o presidente da república Afonso Pena esteve em Quixadá sendo recebido pelo prefeito Cel. Luiz Lavor de Paes Barreto. O presidente da época, segundo João Eudes Costa fez elogios a apresentação e aos diretores do colégio.

Não há registro do encerramento das atividades do Instituto Louro Sodré, mas sabe-se que no mesmo prédio funcionou ainda o Instituto Chaves, sendo este fundado em 1910 pelo professor Galdino Chaves de Holanda Cavalcante.

É importante destacar que essas escolas eram bem maiores do que o prédio que foi derrubado neste sábado, sendo que a outra parte já tinha sido aniquilada. Os restos da história aos poucos somem pelo interesse particular.

Placa

No local havia uma placa afixada em 1982, de homenagem a José de Queiroz Pessoa, momento em que a máquina estava derrubando o prédio, simplesmente sumiu nos escombros.

É preciso que a Prefeitura Municipal de Quixadá comece a adotar medidas para tombar os restos dos prédios antigos ou toda a história serão lembrada apenas por fotografias.

É importante destacar que o proprietário tem todo o direito de derrubar e fazer o que bem quer com o seu patrimônio. Critica aqui é voltada pela falta de ação dos órgãos públicos.