“Isso não se resume a uma simples tristeza do fato. Esses animais cumprem papel fundamental na cadeia alimentar, inclusive pela alimentação parcialmente detritívora, otimizando a ciclagem de nutrientes”, escreveu Hugo em publicação no Facebook.
O doutor em Zoologia pontuou ainda que a crise de sobrevivência dos animais teve início, provavelmente, antes da seca. O fato foi observado porque os cágados são todos de uma mesma espécie (Phrynops geoffroanus). A expectativa era de que, pelo menos, outras duas espécies menos resistentes habitassem o açude.
“Isso quer dizer que, antes da seca, a situação do açude possivelmente já estava crítica, talvez por poluição, alta salinidade da água ou outros fatores”, ressalta.
Diante do impacto percebido sobre os cágados, o professor alerta que o impacto pode ser muito maior diante dos milhares de peixes e milhões de invertebrados que ali viviam. “Cadê os predadores das larvas do Aedes aegypti? Os índices de dengue, zika, chikungunya e mayaro podem ser alarmantes se nada for feito para controlar a reprodução”, afirma.
O estudo do professor e seus alunos ainda está na fase inicial. Um plano de recuperação deve ser traçado pelo grupo. “A intenção é mostrar que o problema da seca do Nordeste é complexo demais para ser tratado com tanto descaso e falsas promessas há décadas. O que está acontecendo no Cedro é observado em dezenas de outros açudes. A biodiversidade da Caatinga e a população pobre do sertão merecem, por uma questão de direito basal, políticas que realmente resolvam”, destacou.
Assista a matéria da TV Jangadeiro / Tribuna do Ceará