Coluna Amadeu Filho: Maria Luísa e Silva Maia – a paixão de uma mulher pelo trabalho, à família e aos amigos

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A professora com Danuzo no Colégio Militar (foto: arquivo da família)

Maria Luisa tinha uma preocupação grande com a educação dos filhos e sempre os lembravam que na vida todos devemos ter ideais.

Somos eternamente gratos aos professores por terem lapidado e nos ensinado a percorrer caminhos até então completamente desconhecidos. Não foram apenas os conhecimentos que nos foram transmitidos, mas as lições de vida, os exemplos que nos deram. Guardamos, carinhosamente, em nossos corações a imagem de uma mestra dedicada, competente e, em especial, uma grande companheira e amiga. Maria Luisa e Silvia Maia deixou sua marca e fez parte da história de muitas crianças e jovens da terra dos monólitos.

Educar foi a grande missão que Deus lhe confiou e dela temos as mais belas lembranças, pois trazia consigo a seriedade no trabalho, paciência e um amor, quase de mãe, para com os alunos. Ela não apenas ensinou, mas também foi uma espécie de mãe para seus alunos e um guia orientando-os de como deveriam enfrentar as dificuldades que, com certeza, surgirão na vida adulta de todos eles. Ela sempre falava que era possível alcançar aquilo com que se sonhava e para isso era necessário muito estudo e um grande respeito aos pais e mestres. Altruísta, sempre foi solidária com seus alunos e colegas de trabalho.

A professora Neli Sousa, hoje residindo em Salvador, nos contou que Maria Luisa certo dia a viu chorando e tendo perguntado o motivo: “lhe falei que papai não podia comprar meus óculos e foi aí que ela me levou num profissional e me deu este presente. A saudade me invade quando lembro dela e desejo toda felicidade a seus filhos e netos”.

Maria Luisa sempre se dedicou aos estudos (foto: arquivo da família)

No Grupo Escolar José Jucá era uma profissional muito estimada por todos. Foi colega de Cezarina, Auristela Camurça, Dalva Aguiar, Maria Guedes(Tuzinha), dentre outras. Era como se fosse verdadeiramente uma família. Dedicação e, em especial, a seriedade foram suas marcas mais presentes. Reprovou um de seus filhos, o Danilo, recomendando-o a estudar com um maior empenho. Danilo sempre se refere a este fato e afirma que esta atitude de sua mãezinha querida lhe ajudou muito no seu crescimento como pessoa e na vida profissional.

Este dinamismo e organização sempre presentes em sua vida profissional fez com que fosse convidada pelos administradores José Linhares da Páscoa(1967-1971), Azziz Okka Baquit (nas duas administrações) e Renato de Araújo Carneiro(1977-1983), a compor suas equipes no setor educacional. Trabalhou ao lado de destacados nomes de nossa cultura como José Artur, Regina Amorim, Luis Osvaldo, Francisca Gurgel da Costa, José Aírton Borges, Marlene França, Socorro Pinheiro, Milvia Pinheiro, Lucileuda, Lindalva, dentre muitos outros. Mesmo com toda a dedicação ao trabalho, os filhos eram a sua razão maior de viver e lutadora como sempre foi os criou com garra e muita determinação.

Maria Luisa com os filhos Evandro, Danilo, Tarcísio, Evamisa, Marcos e Evanisa (foto: arquivo da família)

Carlos Danuzo, José Tarcísio, Evandro Jr, José Danilo, Evanisa Maria, Marcos José e Evamisa Meire eram os seus verdadeiros tesouros dedicando um amor permanente e incondicional. Deixou marcas eternas na vida de todos os filhos e são por eles lembrada como o bem mais precioso que lhes foi dado por Deus. “Ela foi o alicerce de nossas vidas, foi quem nos educou”, assegura sua filha Evanisa que sempre lembra daquela figura de uma mulher guerreira e uma referência de mulher honesta, paciente e sobretudo, amiga. “Ela superou com dignidade as adversidades que surgiram em nosso caminho e é por isso que tenho muito orgulho de minha eterna mãe”, complementa.

Maria Luisa, é do conhecimento de todos que a conheceram, tinha uma preocupação muito grande com a educação dos filhos e sempre os lembravam que na vida todos devemos ter ideais.

Desde a adolescência sempre demonstrou uma grande paixão pelos livros e foi leitura assídua de Machado de Assis, Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Clarice Lispector e de outros escritores. Também chegou a escrever poemas que encantam pela sutileza como abordou diversos temas. Estes poemas estão guardados com um cuidado todo especial pela Evanisa que, no entanto, não se nega a mostrá-los aos amigos que se interessarem em apreciá-los. Gostava de boa música e em especial  da música brasileira que para ela era incomparável. Nas poucas horas de lazer gostava de apreciar o chorinho “Saxofone Por Que Choras”, principalmente na gravação de Domingos Pecci.  Apreciava os bons programas do rádio e ficou muito feliz com a chegada na cidade, da Rádio Uirapuru tornando-se colaboradora e grande amiga de todos os radialistas a quem sempre defendeu cobrando uma maior valorização à esses profissionais.

Maria Luisa com o filho Evandro (foto: arquivo da família)

Alguém que se detiver a escrever a biografia desta mulher (não é o meu caso, não sou biógrafo) deverá dedicar um capítulo especial ao fato de Maria Luísa e Silva Maia ter dedicado um tempo precioso as pessoas mais humildes da comunidade. Ela tinha plena certeza que a solidariedade é o único bem durável nesta vida e que a dignidade humana deveria merecer de nossa parte um profundo respeito. Sabe-se que frequentavam a sua casa onde almoçavam e recebiam roupas, o “Olho de Bila”, “Sempre Serve”, “Bom Legal”, “Zé do Saco” e outros.

Aos que se admiravam destas presenças, afirmava que eram seus queridos amigos e afirmava com voz suave que cada ser humano tem seu próprio valor. Todos nós em algum momento de nossa vida podemos adoecer e tal aconteceu com esta mulher de fibra. A sua alma, no entanto, não ficou doente e a maneira como enfrentou o adoecimento suavizou, em grande parte, o seu sofrimento e jamais deixou de ser a mãe que sempre foi e a amiga sempre presente.

Enquanto lhe foi possível compreendeu e aceitou com porte altivo de uma grande mulher os desígnios de Deus. Maria Luisa nasceu em Quixadá, no dia 2 de abril de 1936, filha do comerciante José Bento e da bondosa Luisa Pires. Na certeza da missão cumprida aqui na terra, com honradez, honestidade, competência e acima de tudo dedicação em seu trabalho de educadora, Deus a chamou em 24/12/1991 para desfrutar da vida eterna. Nos conforta o fato de sabermos que estais aqui do nosso lado, que pode nos ver e ouvir como no passado e que não nos esquece assim como nós, família e amigos, não a esquecemos.

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Amadeu Filho
Colaborador da RC
Colunista
Radialista Profissional