A Associação Cearense dos Magistrados-ACM, prometeu agir com rigor para que o vereador receba a punição cabível.
O presidente da Câmara Municipal de Quixadá, Augusto César Fernandes Lima-Duda, não mediu palavras ao direcionar a sua fala a juíza Ana Cláudia Gomes de Melo, titular da 2ª Vara da Comarca de Quixadá e também eleitoral.
Equivocadamente, Duda questionou uma decisão judicial que interditou o matadouro público de Quixadá, decisão esta proferida pelo juiz Adriano Ribeiro, titular da 1ª Vara. Duda se quer teve o zelo de saber quem assinou a decisão.
Assim disse o presidente para a juíza: “Talvez porque ela vive sentada em uma cadeira, não saiba o que é necessidade, não sabe o que é o homem do campo. Doutora, estou dizendo é para a senhora, aqui é o vereador Duda. Grave e leve pra ela. A senhora não entende de sentimento humano.”
O presidente vai além em seu discurso totalmente desequilibrado e questiona até o conhecimento de uma magistrada, que tem uma longa história no Judiciário: “a senhora fez o seu curso aonde?”, questiona o vereador. Duda, naquele momento buscou “satisfazer” os magarefes que se encontravam nas dependências da Casa Legislativa.
“Porque uma doutora se acha um Deus. Porque juíza se acha um Deus. Eu quero que ela escute o que estou dizendo. Tome providencias contra mim doutora, agora, a senhora não tem direito de tirar o alimento dos pratos das pessoas.”
O presidente ressaltou, que, se fosse prefeito não teria fechado o matadouro, mesmo com a decisão judicial. “Ela[juíza] podia colocar a multa que quisesse.” Chegou ao absurdo ao dizer: “não vamos se apegar a porcaria de normal”, e mais uma vez atacou a juíza: “A senhora está criando conflito na sociedade, quer que às pessoas matem os gados nas moitas?”
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“Tá faltando é homem. Tá faltando é homem em cargo público de Quixadá”.
Acrescentou ainda que sonhava poder falar isso na rádio, assim, todos ficariam sabendo. Duda continua com o seu discurso fora da realidade, e claro: eleitoreiro. “Ela[juíza] não está agindo como ser humano. Não está pensando na situação de cada morador, além do mais, de uma pessoa que fica lá em uma porcaria de um gabinete, se achando dona do mundo”.
Duda repetiu em seu discurso que está faltando autoridade no município para defender o povo.
Para finalizar, Augusto César falou: “queria que ela ouvisse, queria dizer a ela, não posso ter nada, mas eu tenho mandato e coragem de dizer a ela. Queria dizer a ela lá [no caso, no Fórum de Justiça], mas se fosse dizer lá, ela iria me prender. Quero que ela me mande me prender aqui [ no caso, na Câmara]”.
Duda não só afrontou o Poder Judiciário, mas também a uma decisão judicial, bem como tentou desqualificar, diante da sociedade, uma juíza séria, honrada, que sempre julga na imparcialidade e conforme às normas vigentes.
A juíza, Ana Cláudia Gomes de Melo, está à frente da 2ª Vara da Comarca há mais de três anos, sempre atuou com zelo, dedicação e jamais merecia um tratamento tão eloquente, principalmente de um chefe do Poder Legislativo, que deveria buscar sempre a harmonia e o respeito.
A Associação Cearense dos Magistrados-ACM prometeu agir com rigor para que o vereador receba a punição cabível. A juíza e a diretória da ACM concederam entrevista a imprensa para falar sobre o caso.
Clique aqui e assista o discurso, gravado pelo radialista Jânio Silva e postado em sua página no facebook.