Cid Gomes cometeu uma de suas maiores atrapalhadas, ao construir enorme estrutura, num estado pobre, sem saber como ia financiar.
O Hospital Regional do Sertão Central é, até agora, uma história que seria patética se não fosse trágica. O belo equipamento está praticamente pronto e foi inaugurado há mais de um ano e meio, nos últimos dias do governo Cid Gomes (PDT). A saúde pública é apontada, em todas as pesquisas, o problema que mais aflige os cearenses, à frente até da segurança pública. Numa das regiões mais carentes do Estado, no coração do sertão, um hospital novo e moderno não funciona porque não há dinheiro para ser mantido. O governo de Camilo Santana (PT) pressiona o Ministério da Saúde por recursos. A administração de Michel Temer (PMDB) não se compromete com promessas feitas na gestão de Dilma Rousseff (PT). Convenhamos, as gestões de Camilo e Temer são as menos culpadas.
Cid Gomes cometeu uma de suas maiores trapalhadas ao construir enorme estrutura, num estado pobre, sem saber como ia financiar. Sem deixar amarradas as fontes de receita. O então governador agiu como o rapaz da anedota, que deixa o quarto a meia luz, coloca música ambiente, põe o vinho no gelo e, depois, sai para procurar namorada. Dez entre dez gestores públicos afirmam que é muito mais complicado manter um equipamento público que construir. Investir numa obra cara sem saber se a estrutura será sustentável financeiramente é se arriscar a desperdiçar dinheiro do povo.
O governo Temer não sabe se irá honrar compromissos firmados por Dilma. É de se esperar que um governo que acabou de tomar posse efetivamente verifique a pertinência e as condições de arcar com despesas assumidas no fim da gestão anterior. O problema é que o governo Dilma não manteve aquilo que prometera.
Em dezembro de 2015, quando o hospital já completava um ano parado, o então ministro da Saúde, Marcelo Castro, assegurou dinheiro para metade do custeio. Assim, o início do funcionamento seria no primeiro trimestre deste ano. Isso não se concretizou e, nove dias antes do afastamento de Dilma, o então ministro Agenor Álvares assinou portaria para a liberação de R$ 36 milhões para, afinal, colocar o hospital em funcionamento. Dilma foi afastada e o dinheiro nunca saiu.
Do Jornal O povo!