Hospital Regional do Sertão Central custou R$ 87,7 milhões.Unidade deveria estar funcionando desde o primeiro semestre de 2015.
Inaugurado há um ano, o Hospital Regional do Sertão Central do Ceará, na cidade de Quixeramobim, nunca recebeu um paciente sequer. O hospital foi construído para atender os moradores de 21 municípios das regiões do Sertão Central e Sertões de Inhamuns. No aniversário de um ano da inauguração, em vez de festa, protesto dos moradores: 365 cruzes simbolizando cada dia sem atendimento.
Localizado a cerca de 200 quilômetros de Fortaleza, a solenidade de inauguração, ocorrida em 28 de dezembro de 2014, foi comandada pelo então governador Cid Gomes que, ao lado do então Secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes, garantiu que o equipamento que custou R$ 87,7 milhões estaria funcionando no primeiro semestre de 2015.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, para que o hospital funcione, é necessário concluir 4% restantes da obra. Além disso, o Governo do Estado ainda está negociando com o Ministério da Saúde para que arque com a metade dos custos do hospital. Ainda segundo a Secretaria, há, ainda, a questão de abastecimento de água, que só será resolvida com a construção de uma adutora que também vai abastecer o município.
Sem o hospital, a funcionária pública Ana Maria da Silva precisou viajar até Fortaleza para fazer uma cirurgia para retirada de pedra nos rins. “É uma cirurgia simples, que poderia ser feita lá. E o gasto foi muito grande durante esse período todo, a procura de um especialista para descobrir realmente o que eu tinha”, lamenta.
O médico Walmir Pontes, que atende pacientes da rede pública de saúde, explica o risco que os pacientes correm neste deslocamento até a capital cearense. “As ambulâncias passam na porta de um monumento como esse pra ser atendido duas horas depois e isso causa sequelas graves, isso quando não causa a morte. E quando chega a Fortaleza, nossos hospitais também estão lotados.”
Assista a matéria do Jornal CETV 2ª edição – TV Verdes Mares – aqui
A amiga da agricultora Autair Inácio da Silva não conseguiu atendimento para fazer o parto, perdeu o filho e o procedimento para a retirada do bebê morto teve de ser realizado em Fortaleza. “Se tivesse esse hospital, a história seria diferente. Tinha salvado a criança e não teria que ir para Fortaleza. Tinha uma incubadora, tinha feito antes”, diz.
O administrador André Rosado também questiona a inauguração do hospital. “Estamos com um hospital pronto, é só abrir as portas, colocar os funcionários que já foram selecionados há quase um ano e tocar o hospital. Por que inaugurou sem o recurso garantido”, pergunta.
Com informações do portal G1 com destaque do Revista Central