Recordo-me que, numa das sessões Câmara de Vereadores de Quixadá, um dos vereadores utilizava-se do seu tempo num discurso eloquente.
O Poder Legislativo tem papel de grande relevância na República. Em âmbito nacional dispõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Nos estados e municípios há as assembleias estaduais e câmaras de vereadores respectivamente. Com a missão de fiscalizar o Executivo e criar as leis que regem o Estado Brasileiro, são eles que se posicionam diante dos mais diversos temas e tomam decisões de extrema relevância.
As reflexões que faço, neste breve texto, foram formuladas a partir um fato ocorrido aqui mesmo em Quixadá. Esclareço que retratarei os acontecimentos sem citar nomes para evitar polêmicas desnecessárias. Ao personalizar a discussão haveria o risco de perder o foco do que desejo tratar.
Recordo-me que, numa das sessões Câmara de Vereadores de Quixadá, um dos vereadores utilizava-se do seu tempo num discurso eloquente. Tecia com desenvoltura fortes críticas ao Poder Executivo. Como é regra da casa, os presentes no plenário não podem manifestar-se. Discordando das falas do vereador, uma pessoa da plateia questionou a fala do orador, de maneira veemente. Presente no momento, eu bem sei como é difícil permanecer calado diante de algumas situações.
Interpelado, o vereador reagiu, dizendo que para ter direito à fala seria necessário ser eleito. Só com um mandato conferido pelo povo seria possível ocupar a tribuna e de lá se manifestar.
Confesso que, ali do plenário, calado, este acontecimento me despertou grande atenção. Percebi naquele momento o tamanho da importância do poder de falar. Me dei conta da dimensão do papel do vereador e de outros integrantes do Legislativo. Quanto poder conferimos àqueles que podem falar e decidir por nós.
Somente naquele momento, diante do embate protagonizado pela pessoa da plateia e o vereador, que da tribuna da “casa do povo” deixava claro quem podia falar e quem deveria calar é que me dei conta das limitações da democracia representativa.
A “ficha caiu” e a consciência, até certo ponto, pesou. Indaguei a mim mesmo o quanto fui ou não devidamente criterioso para escolher pessoas com tamanho poder, com autoridade sobre a palavra e as decisões dos rumos de uma cidade, estado ou país.
Convido a todos a fazerem a autocrítica que agora faço. A sermos mais exigentes e criteriosos nas próximas oportunidades. Acredito que boas escolhas sempre chegam em boa hora.
Cícero Bandeira L. Filho
Professor da Rede Municipal de Ensino de Quixadá
Graduado em Ciências da Natureza (UECE)
Mestre em Educação Brasileira (UFC)
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