O primeiro beijo(roubado, é claro!), se deu no portão da casa dos pais do brotinho. Mas isso, só quando o motor da luz, parou de funcionar, às 22 horas.
Ao cair da tarde, no doce Quixadá dos anos 60, crianças e jovens se encantavam com as atrações do “Parque Brasil”, dirigido pelo simpático Senhor Pedro. Era como se fosse a “disneylândia”, para aquela geração.
Tudo atraía a atenção, como a roda gigante, carrossel de cavalinhos, as barquinhas, os aviões. A difusora do espaço de diversão era o “e-mail”, daqueles belos tempos. Brotinhos se declaravam, fazendo juras de amor. Naquele ambiente mágico, um jovem tímido, então com 18 anos, servindo já ao “Tiro de Guerra”, recebe um bilhetinho de uma linda menina, que fora enviado por uma prima sua.
Naquelas mal traçadas linhas, a jovem falava do interesse em namorar com ele. O rapaz, encantado com os olhos daquela menina, disparou: Quero namorar com você e não com ela! Começava ali, naquela noitinha mágica, uma das mais emocionantes, sofridas (é bem verdade) mas, acima de tudo, belíssima historia de amor. Nasceu, naquele momento, um amor cheio de cumplicidade e afeto. É assim que podemos definir, a abençoada união entre Paulo Edson de Sousa, o querido e saudoso Edinho, e Maria Irismar Duarte (a nossa querida Dó).
Os primeiros momentos de namoro foram de algumas dificuldades. No tempo daquela comportada juventude, se fazia necessário o consentimento dos pais. E, como dez, entre dez jovens, ali nos anos 60, os poéticos encontros, se davam, às escondidas. Num desses encontros, o irmão de Irismar, o hoje popular, “Tião da Baladeira”, obrigou a irmã ir, correndo para casa. Era permitido assistir filmes no “Cine Yara“, mas, acompanhada da presença de um irmão, papel, muitas vezes desempenhado, pelo Evandro.
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O primeiro beijo(roubado, é claro!), se deu no portão da casa dos pais do brotinho. Mas isso, só quando o motor da luz, parou de funcionar, às 22 horas(era assim mesmo no Quixadá, dos anos 60). Mas, em pouco tempo, os pais de Irismar, senhor Alberto(então, magarefe no velho mercado) e dona Lídia, descobriram no Edinho, um jovem honesto, de caráter e, com certeza, seguidor das orientações de seus pais, Raimundo Nogueira e Francisca Alice, gente honesta, da localidade de Marizeiras.
E o tão sonhado(ah, tão sonhado!) casamento, se deu no dia 24.12.1966, na igreja de Santo Antônio, em Quixeramobim, em missa celebrada pelo Padre Pimentel. O enlace se deu na vizinha cidade, em razão do Marcondes, irmão do noivo, ali morar. Aconteceu um detalhe, bem interessante: O Edinho demorou a chegar na igreja e os presentes, se indagaram: Ou aconteceu alguma coisa ou ele não quer mais casar!” Irismar, então, falou que podia ter acontecido algo, mas ele jamais desistiria dela.
Dizia que o amor entre eles estava bem escrito nas estrelas. Irismar jamais esquece o fato de que um serviço de alto-falantes local, ter executado, durante toda a cerimônia, a música de maior sucesso no momento, “Cinderela” na voz de Angela Maria. Veio o ano de 1967 e com ele, uma grande alegria. Nasceu o primeiro filho do feliz casal, George. Em 1970, Deus presenteava o casal com um novo menino que ganharia o nome de Rivelino, numa homenagem a um dos craques da vitoriosa Seleção Brasileira, daquele ano.
Mas, como tudo na vida, entre os casais, há também obstáculos, desafios. O bom Edinho, também tinha outra grande paixão, o futebol. E essa incontrolável paixão atraiu muitas dificuldades para o casal, especialmente no aspecto financeiro. Para que se tenha uma ideia, o jovem marido era proprietário, junto com o irmão Zé Hélio, na então rua Joaquim Nabuco, de uma casa especializada em peças para vespas(coqueluche da galera daquele momento). Corria tudo bem nas despesas do casal, porém, Edinho, de um coração enorme, começou a ajudar os jogadores do seu querido time, por nome de Avante, e as suas famílias. Então, vieram as dificuldades financeiras.
Ele encontrou forças na sua esposa(mais amiga que esposa), Irismar. Numa demonstração, do quanto se amavam, enfrentaram juntos, as dificuldades. Se faz necessário registrar, nesta linda história de amor, a presença do senhor José da Páscoa que entregou a sede do “Avante” ao Edinho, para ele administrar. Também, começou a integrar a equipe de apoio do grupo Escolar José Jucá. “Páscoa foi um pai para nós”, acrescenta Irismar, com lágrimas nos olhos.
Mostrando que as dificuldades não são barreiras para terminar um grande amor, ela também começou a trabalhar, em meados dos anos 70, na agencia do “Inamps”, como faxineira, faz questão de ressaltar. Lembra do grande apoio dos médicos Antônio Moreira Magalhães, Ítalo Silveira, Laércio, Mesquita, José Alves, Rômulo e dos colegas Maria José, Mazinha, Eunice, Bidida, Maria Monte, Inacinha, Chico Batista, Waldizar, Airton Choró.
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O casal não esmoreceu, sempre foi compreensivo e, depois de algum tempo, a questão financeira foi controlada. Mas, um inimigo perigoso, rondava aquela casa, em que reinava a felicidade. Nosso Edinho não estava conseguindo controlar o vício do álcool, que minava a sua saúde e deixando todos, muito preocupados. Apesar da dedicação de Irismar, George, Rivelino, do restante da família e dos amigos, Edinho veio a falecer em 7.11.2003, aos 64 anos.
Quixadá ficou triste e uma grande multidão foi dar adeus aquele homem que personificou a bondade, a honestidade, o caráter. Valder, colega dos tempos de José Jucá, nos lembra que o Edinho foi à pessoa mais dedicada aos amigos, que já conheceu.
Apesar dos problemas advindos dos gastos do futebol, do vício do álcool, o casal, jamais chegou, a explosão de brigas, intrigas. Até nos momentos mais cruciais, a calma, o respeito, de um para com o outro, foi sempre mantido. O casal sempre teve uma grande reserva de ternura, em qualquer situação.
Hoje, os dias de Irismar, dos filhos e dos incontáveis amigos, são de belas recordações daquela criatura, tão presente na vida de todos, tão amigo, solidário, alegre. Irismar e Edinho, o casal que nos fez ver que, nos momentos de tormenta, deve prevalecer um grande amor. Depois de contar uma trajetória tão emocionante, permito-me, perguntar: A terra dos monólitos conheceu outra mais bela história de amor?
Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Quixadá.
Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
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