Não podemos parar o tempo, mas muitos não acreditam na extinção das tradicionais barbearias. O que podemos perceber, na verdade, foi à defasagem dos profissionais.
É uma das profissões mais antigas do homem. Não há como negar que os modernos salões de beleza ocuparam espaços de forma devastadora, ganhando a preferência da maioria da clientela. Mas, a profissão de barbeiro, sobrevive no tempo.
Na Terra dos Monólitos, tradicionais barbearias nos remetem ao passado e os que estão na profissão já com bastante tempo, sempre se emocionam com a presença dos fiéis clientes e até de jovens, que mesmo em número menor, também utilizam o serviço desses profissionais.
Caminhando pelo Centro de Quixadá e mesmo nos demais bairros, ainda encontramos diversos salões em pleno funcionamento, mantendo acesa esta tradição. Ainda temos, não em grande número, barbeiros em plena atividade e a maioria afirma que é “uma questão de amor e devido a fidelidade de velhos clientes”. Segundo Sebastião Barbeiro, na verdade, está faltando interesse por parte da nova geração que não vislumbra possibilidade de grandes lucros.
Na opinião de Hernandes, já com muitos anos de atividade, a barbearia funciona como um encontro de amigos e no espaço, os assuntos da cidade são postos em dia. É o local de um bom papo, sem diferenciação de classes, é de calor humano mesmo, define. O barbeiro não deixou de ter a sua magia, a sua beleza própria. Tanto é que muitos nomes fazem parte (ou fizeram) da vida da cidade, como Miguel Aguiar, Nezinho, Zé Maria Barbeiro, Edmundo, Chico Siriaco, Assis, Zé da Onça, Zé Antônio, Er, Adalberto, Manuel, Lúcio, Raimundo Hemetério, Carioca, Chico Cabeleira, Antonio Dias, Pedro Barbeiro, Jonas Galvão, Sitõe, Seu Osório, Zé Pinheiro, João Pereira, Pedro Júlio, José Simão, Cícero, Zé Maria.
Há mais de 40 anos na profissão e ainda atendendo na Rua Tenente Cravo. Cada um deles, sempre tem muitos assuntos para conversar e selecionamos para você, um pouco dessas conversas. Nezinho, que nasceu na Serra do Padre, nos contou que seu grande mestre foi Manuel Alexandrino. Tem muitas saudades do seu grande amigo, Raimundo Barbeiro, que também era músico. A navalha foi o instrumento que lhe permitiu criar toda a família.
Conversar com Assis Barbeiro é a certeza de que a profissão não se acabará. Mais de 50 anos como barbeiro! Assis trabalha no “Salão Abrahão Baquit‘, fundada pelo barbeiro Dão, desde 1975 e lá, continua, exercendo a profissão com muito entusiasmo. Não admite ser discriminado devido a profissão que abraçou e nos contou um fato que aconteceu no salão.
Atendeu um médico (não residia em Quixadá) que logo falou: “Barbeiro nasceu para alisar cara de homem” Assis, assim respondeu: “pior são vocês que alisam homem em outros lugares”. Faz questão de citar alguns dos seus clientes mais fiéis, alguns já falecidos; “Dr. João Duarte, Vidal do Mercado, Cícero Brasilino, João Capistrano, Quinca Capistrano, Amadeu do Mercado.
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Hoje, com mais de 80 anos, Sebastião Barbeiro continua fazendo a barba e cortando cabelo. Lembra que trabalhou com Seu Júlio Leles, a quem deve muito, assegura. Gaba-se de amolar a navalha, no próprio punho e de ter cortado o cabelo de muitas autoridades. Chegou a ser conhecido como o “Cabeleiro do curtume”, pois tinha a preferência dos que ali trabalharam.
Não podemos parar o tempo, mas muitos não acreditam na extinção das tradicionais barbearias. O que podemos perceber, na verdade, foi à defasagem dos profissionais quanto às novas tecnologias.
Não há dúvida, que os modernos salões de beleza dominaram, quase que por completo, o mercado mas, por outro lado, é necessário que se diga que há uma boa fatia que busca, prefere até, os serviços dos barbeiros. Lá, não apenas se corta o cabelo, faz a barba, mas também é um espaço de convivência, local de um gostoso bate-papo.
Para muitos, a presença de jovens trabalhando como barbeiro, à moda antiga, como é o caso do Rui (Salão Abraão Baquit) dá a certeza de que a presença destes simpáticos profissionais, será uma realidade, ainda por muitos anos. ‘Graças a Deus!”.
Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Quixadá.
Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
Acesse também o blog Amadeu Filho