Nossa bela Quixadá conta com salas exibidoras de qualidade, confortáveis, modernas mas, não conseguem apagar as boas lembranças que os quixadaenses sentem do “Cine Yara”.
As lembranças dos quixadaenses, com relação ao “Cine Yara”, ainda são muito fortes. Falar de desse cinema, é evocar coisas belas da Terra dos Monólitos. Crianças, jovens, adultos, todos ficavam fascinados com a magia da sétima arte. Foi José Adolfo, o grande nome do cinema, quem deu a idéia da construção do “Yara” para o senhor José Capelo. Foi, então, inaugurado em 20/09/1952, com a exibição do filme “O Castelo Invencível“.
O cinema foi também um símbolo de distinção social, pois, existia um espaço denominado geral, frequentado por pessoas de menor poder aquisitivo e as das cadeiras especiais. Nas laterais do prédio, as luzes iam se acendendo, muito lentamente, anunciando o início da película.
Foi nesta inesquecível sala exibidora, que os quixadaenses riram com as peraltices de Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi e se emocionaram ao assistir épicos de Hollywood, como por exemplo, “Os Dez Mandamentos”; “Sansão e Dalila”; “Ben-Hur” e outros. Permitiu, ainda, que os frequentadores conhecessem ídolos do rádio, como Orlando Silva, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, os astros do movimento “Jovem Guarda”, divulgados em inesquecíveis musicais. O “Cine Yara” era o templo da cultura e do entretenimento, naqueles anos dourados.
Lendas do cinema se tornaram familiares na cidade, como Cary Grant, Marlon Brando, Kirk Douglas, Jonh Waine, Burt Lancaster e muitos outros. As crianças imitavam esses astros, fazendo uso de um revólver de brinquedo, adquiridos na mercearia do senhor Zé Metero, localizada na Praça Coronel Nanan. Os adolescentes imitavam Elvis Presley, com muita brilhantina(cosmético em forma de pomada), comprada no comércio do senhor Pedrosa.
As meninas se sentiam como Audrey Hepbum, doce estrela do filme “Bonequinha de Luxo”. Tabuletas, espalhadas em vários locais da cidade, anunciavam a programação do Yara”.
Acontecia, às vezes, das projeções serem interrompidas e aí, muitos gritavam, protestando, “Olha o roubo!”. Na queda da energia, existia um motor por detrás do prédio e aí, o problema era solucionado. A praça Coronel Nanan, era, na verdade, um seguimento da sala exibidora. Ali, aconteciam verdadeiros rituais, até a hora de adentrar ao cinema. Alguns, iam até a merenda do senhor Zé Pinto, tomar aquele refresco(o refrigerante daquele momento).
Como era costume, naqueles anos de poesia, os jovens ficavam circulando pela praça, quem sabe, a sonhar com um futuro amor. A praça explodia de uma alegria contagiante! E, aquele cheirinho de pipocas bem quentinhas! Mas, já dentro do cinema, os frequentadores ouviam aquele barulhinho das caixinhas de “mentex”, usadas principalmente pelos mais jovens.
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Na bilheteria, a simpatia de dona Nina, entregávamos os ingressos aos senhores, Chico Nascimento, Zé Paulino ou Pedro Nunes. Os trabalhadores do cinema eram verdadeiros amigos dos frequentadores, como Dedé Sousa, Tarcísio, Sebastião Mamede, José Adolfo, Luiz Marinho, Téo Miranda, João da Geral e Zé Fernando. Assim, como aconteceu com outros cinemas de rua, o querido “Cine Yara” também teve seu fim decretado pela invasão da televisão, do vídeo cassete, aí pelos meados dos anos 70.
Nossa bela Quixadá conta com salas exibidoras de qualidade, confortáveis, modernas mas, não conseguem apagar as boas lembranças que os quixadaenses sentem do “Cine Yara”, o inesquecível “São Luiz” do sertão”. Na verdade, uma alusão ao famoso cinema da capital.
Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer melhor a história de Quixadá.
Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
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