Sousa nos conta feliz que seu comércio recebia a visita de muitos cantores que pediam para que ele trabalhasse suas músicas.
Com certeza, a música é uma ferramenta poderosa na transformação da vida das pessoas. É certo, mas ela é principalmente, um instrumento que provoca grandes emoções. Mobiliza sentimentalmente o ser humano. Pode-se ir mais além e afirmar que ela também contribui para a formação da personalidade de uma pessoa. Permite nivelamentos, ou seja, uma pessoa pode ter parte de sua personalidade avaliada pelo seu gosto musical. Mas a música é realmente paixão. A pessoa pode demonstrar saudade, tristeza ou alegria ao ouvir determinada canção.
Distante dos tempos de “pendrives”, “mp3”, “cds” e outros modernos aparelhos para se ouvir música, tínhamos os bolachões (como eram chamados os discos de vinis). Um dos pioneiros na venda desses produtos foi o senhor Adonias Queiroz de Sousa. Desde 1976 que este cidadão alegra a vida das pessoas, vendendo sonhos, ilusões na voz de cantores dos mais diversos estilos. Foi no ano de 1976 que montou no velho mercado público o popular “Cantinho dos Discos” que viria a se tornar uma referencia neste tipo de comércio, logo conquistando a preferência na Terra dos Monólitos. Sousa vendia os bolachões ao lado de diferentes tipos de comércio. Pertinho dele tinha a banca do “Zé do peixe”, os pontos comerciais de Zé Neco, Luciano Silva, Luquinha, Amadeu, Messias, Geraldo Pedrosa, Oscar, Balduíno, , Luciano, Zé Azevedo, além dos cafés, bancas de carne e outros. Na verdade, Sousa começou a trabalhar no velho mercado, em 1962, vendendo miudezas.
Filho de José Rufino de Sousa e Nelita Aires de Queiroz, muito jovem começou a trabalhar, seguindo os passos do pai. A sua honestidade, seu caráter foi pavimentado por sempre ter ouvido os conselhos dos pais: “Meu filho, o trabalho é a coisa mais importante na vida”. Hoje, aos 80 anos, continua na mesma atividade e se diz eternamente gratos aos ensinamentos daqueles que lhe deram a vida. É casado com a senhora Magda Alves de Sousa, um verdadeiro anjo que Deus colocou na sua vida e que sempre o acompanhou e acompanha no seu trabalho. É pai de 3 filhos que, mesmo adultos, continuam sempre por perto. “Meus filhos são a minha maior energia. Posso contar com eles em todos os momentos”, afirma com uma forte pitada de emoção. Um dos seus filhos, Juscelino, sempre faz questão de lembrar que o pai lhe mostrou que a vida é para ser enfrentada com determinação, com garra e acima de tudo, com honestidade.
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Sousa informou que os bolachões mais vendidos por ele foram os do “estilo brega”, “temas de novelas”, “Canções Internacionais” e, claro, Roberto Carlos e Amado Batista. “Ninguém batia esses dois em venda! Era a nossa feira!”, nos informa. Mas garante e até prova que Amado foi e continua sendo o grande vendedor, chegando a acontecer filas no seu comércio quando de novos lançamentos. Nos contou ainda de fatos pitorescos como o fato de alguns comprarem o disco, ficar algum tempo ouvindo e vir trocar alegando que estava arranhado. Sousa se destacou na gravação das famosas fitas-cassete, municiando os toca-fitas dos corcéis, dos fuscas, mavericks, kombis, etc. Um de seus clientes mais assíduos foi Assis Silva(radialista e funcionário da Católica) que adquiriu centenas de “Lps” e mandou gravar o mesmo tanto de “cassetes”. “Ninguém, até hoje, grava melhor do que ele apesar da tecnologia”, assegura.
Sousa nos conta feliz que seu comércio recebia a visita de muitos cantores que pediam para que ele trabalhasse suas músicas. Entre estes, Bartô Galeno, Genival Santos, José Ribeiro (aquele da “Beleza da Rosa”. Mas se alegra mesmo é com a visita de velhos e novos clientes porque além das vendas, é gostoso também um bom bate-papo. Você sabia que o brasileiro é o que mais gosta de música no mundo (80% de acordo com uma pesquisa em nível mundial) e claro que Quixadá dá também sua contribuição a esta realidade. Por trabalhar com a música e ser uma pessoa correta, Sousa dos Discos é uma das pessoas mais conhecidas e estimadas em Quixadá. O “Cantinho dos discos” há 40 anos faz parte da vida de nossa gente. Quanta gente não namorou, casou mesmo, ouvindo uma bela canção que faz parte de um bolachão comprado ao Sousa. Adonias Queiroz (nosso Sousa dos discos) também constrói, lapida com sua atividade honesta a nossa bela história.