Tudo começou quando seu tio, Chico Medonho, lhe pediu que tomasse conta de sua carroça, pois iria desenvolver outras atividades, o jovem aceitou o desafio.
Assim, como em outras cidades, a bela Quixadá também tem seus tipos populares. Eles significam a alma das ruas, dão vida e personificam com seus estilos comportamentais, a alegria, o otimismo, a simplicidade. Deles, recebemos grandes lições de amor à vida, desprendimento, desapego as convenções impostas por uma sociedade que se caracteriza pelo “sempre ter mais”.
O senhor Pedro Nogueira Viana, conhecido como “Pedão da água boa“, se enquadra, perfeitamente, neste perfil. Desde 1957, quando tinha 17 anos, este pacato senhor trabalha como carroceiro, abastecendo as casas com água, um bem tão necessário a vida. Seria apenas mais um, se não fosse o fato de exercer o trabalho de uma forma bem diferente, criando uma forma toda especial de comunicação com as pessoas, fazendo uso de um ‘marketing’ próprio, divulgando o seu produto, enfeitando de cores e acompanhada de frases, o tambor de sua carroça.
“Mamãe chegou o Pedão da água boa“, curiosa frase que está bem à mostra no tambor, todo colorido de azul, vermelho e branco, com as cores de seu time de coração, que é o Fortaleza Esporte Clube. Pedão nos informou que pegou esta frase de uma criança, avisando a sua mãe da chegada do alegre trabalhador. É claro que Pedão virou uma atração na cidade, um personagem muito interessante e que sempre atrai a atenção, inclusive da mídia, já tendo sido motivo de várias matérias, algumas com grande repercussão.
Tudo começou quando seu tio, Chico Medonho, lhe pediu que tomasse conta de sua carroça, pois iria desenvolver outras atividades e, o jovem aceitou o desafio. Quixadá era ainda uma cidade muito pequena e pacata, nos anos 50. Alguns de seus companheiros de profissão eram Raimundo Rufino, Afonso da Carroça, Joãozão, Zé Grande, Malaquias, Seu Liliu. Segundo informou Pedão, no bairro do São João, sua morada ainda nos dias de hoje, só existiam umas vinte casas.
Durante muitos anos, abasteceu o velho mercado público, Campo Novo e outros espaços da cidade. A água, então, de ótima qualidade, era retirada nos canais do açude do Cedro e esta atividade, acontecia até a chegada da noite. Faz-se necessário informar que os carroceiros quixadaenses, naquele tempo forneciam água para o funcionamento do precário sistema energético de alguns equipamentos.
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Sempre ao seu lado e tornando possível, uma linda história de amor, a doce Mirtes é a grande companheira de todas as horas. Enfrentaram muitas barreiras, mas, venceram todos os obstáculos. Casaram-se no dia 30.10.1965, na Igreja Catedral, com as bênçãos do Padre José Bezerra Filho. Desta união, nasceram os filhos: Luis Alexsandro (trabalha com o pai), o professor Claudemir, Reginaldo, Wladimir, Pedro Junior, Lindovânia e Lindaiana.
Com certeza, ao desenvolver esta simples atividade, os carroceiros nos mostram que é possível viver com dignidade, criar a família, mesmo na modernidade. O radialista Alexandre Magno(trabalhou na pioneira Rádio Uirapuru e Monólitos), definiu, com muita propriedade, a figura de “Pedão da água boa”. Ele é um cronista da cidade, uma mistura de trabalhador e repórter, pois na sua labuta diária, toma conhecimento do que acontece e divulga o incontrolável crescimento da Terra dos Monólitos! Ele é um símbolo da bela Quixadá.
Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
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