“Eles não sabem o que estão fazendo”, fala Chico Amorim, o dono do extinto cinema da cidade.
A terra dos monólitos já chegou a ter três cinemas em funcionamento ao mesmo tempo, o inesquecível “Cine Yara” e o “São José”, construídos pelo pai do cinema na terra, José Adolfo, e o “Cine 13 de Maio”, este último, numa omissão injustificável de grande parte de memorialistas e até mesmo da universidade, sequer é citado na história de Quixadá.
Francisco Augusto Pinheiro de Amorim, o popular “Chico Amorim das geladeiras”, com lágrimas nos olhos, diz não entender o porquê dessa injustiça de não ter o nome do seu cinema cravado nos livros da história de Quixadá. “Nosso cinema existiu de verdade, muita gente assistiu filme lá”, afirma.
Apaixonado pela sétima arte, contou com apoio de toda a família. Seus pais. Antônio Amorim e senhora Núbia, se empenharam pessoalmente em levar adiante a ideia do filho. “O “Cine 13 de Maio” era como uma coisa da família”, diz Chico Amorim. Com sacrifício e dedicação, o Cinema entrou em atividade em meados dos anos 60. A família, contando com amigos, cuidava do funcionamento.
Os maquinistas eram o fundador, Chico Amorim, o irmão Toinho, a sua mãe Núbia Amorim, que vendia os ingressos, o papai Antonio Amorim era o garoto propaganda, pois os cartazes dos filmes ficavam expostos no seu comércio, que ficava na parte externa do velho mercado público. O amigo de todas as horas, Haroldo Carroceiro, percorria as ruas da cidade numa incrementada rural, realizando a propaganda volante, tão em moda naqueles anos.
Ao chegar o grande dia da inauguração, “Quixadá parou para assistir o filme ‘Sol e Sangue’, nunca me esquecerei daquele dia, tinha 300 lugares”, informa com a voz embargada pela emoção. Lembra que o “13 de Maio” também tinha uma função social, visto que muitos comerciantes e até empresários nos dias de hoje, começaram trabalhando ali, vendendo balas na calçada. Cita, como exemplo, os queridos amigos Fernando e Flávio Pordeus. Havia a vesperal, aos domingos, o que fazia a alegria das crianças.
Fez questão de lembrar os filmes preferidos do público, como os do estilo “bang-bang”, os filmes estrelados por Elvis Presley e durante a Semana Santa a “Paixão de Cristo”. Como aconteceu com outros cinemas de rua, vieram os fatores que culminaram com seu fechamento, a começar pela TV, o videocassete e etc.
Aquela tradição foi definitivamente encerrada. O nome “13 de Maio”, foi devido o nome da rua, hoje a atual Rua Basílio Pinto. Funcionou no prédio onde hoje não tem muita utilização (veja aqui onde ficava).
Chico Amorim agradece aos professores e estudantes que documentaram o seu cinema, mas lamenta, profundamente, que raramente os livros de história citam o seu extinto cinema.
Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais história de Quixadá.
Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
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