O motorista Francisco Aurélio Rodrigues de Lima foi condenado, nesta segunda-feira (6), a 25 anos e nove meses de prisão pelo tribunal do júri de Fortaleza, após ser considerado culpado pelos crimes de homicídio consumado e homicídio tentado. Ele foi responsabilizado por matar e decapitar o zelador Francisco Mizael Souza da Silva dentro do Hospital Instituto Dr. José Frota (IJF), em abril de 2024, além de balear outro funcionário da unidade.
A sentença determina que Aurélio cumpra a pena em regime inicialmente fechado, sendo 18 anos e 9 meses pelo homicídio de Mizael e sete anos pela tentativa de homicídio contra Carlos Sérgio Matos de Queiroz, que sobreviveu após ser atingido por tiros e receber alta quatro dias depois do ataque.
O crime, que chocou o Ceará pela brutalidade, ocorreu no refeitório do IJF, uma das principais unidades hospitalares da capital cearense. Segundo as investigações, o ex-copeiro — que na época trabalhava como motorista de aplicativo — conseguiu entrar no hospital usando o sistema de reconhecimento facial, mesmo após ter sido demitido mais de um ano antes. Ele carregava uma mochila com uma arma de fogo e uma faca.
De acordo com testemunhas, Aurélio atirou quatro vezes contra Mizael e, em seguida, o decapitou. Imagens do local mostraram a vítima caída, com o uniforme do hospital, e a cabeça ao lado do corpo. Após o crime, o agressor fugiu, abandonando a mochila com a arma dentro da unidade.
Horas depois, Aurélio foi localizado e preso no distrito de Patacas, no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza. A motivação, segundo a Polícia Civil, foi ciúme: o réu acreditava que sua companheira mantinha um envolvimento com o zelador. Em depoimento, a mulher afirmou que o relacionamento com Aurélio durava cerca de um ano e meio e que ele demonstrava comportamentos possessivos e ciumentos, não apenas em relação a Mizael, mas também a outros colegas de trabalho.
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou que o réu já possuía antecedentes por desacato e uma medida protetiva expedida contra ele antes do crime. A defesa do condenado não foi localizadapela reportagem.
Francisco Mizael Souza da Silva, que trabalhava há dez anos no IJF, deixou uma filha de seis anos e uma esposa grávida. Ele foi sepultado em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza.
O Hospital IJF, administrado pela Prefeitura de Fortaleza, é referência no atendimento a vítimas de traumas graves, queimaduras e lesões vasculares. O caso, que ganhou repercussão nacional, provocou comoção entre servidores e levantou discussões sobre segurança interna em unidades de saúde públicas.