A Justiça Eleitoral sentenciou Kevin Henrique Lopes Cavalcante, de 28 anos, a oito anos e quatro meses de reclusão em regime fechado por envolvimento em crimes de coação eleitoral e participação em organização criminosa. A decisão é do juiz André Teixeira Gurgel e está relacionada a ameaças feitas contra a ex-governadora do Ceará, Izolda Cela (PSB), durante a campanha eleitoral de 2024, quando ela disputava a Prefeitura de Sobral.
A condenação foi fundamentada em uma série de provas que ligam Kevin a ações coordenadas de intimidação política. Em um dos episódios mais graves, o réu publicou em suas redes sociais uma imagem de arma de fogo acompanhada da legenda “bala na Isolda”, em um contexto de violência crescente contra apoiadores da então candidata, inclusive com ataques por meio de rojões em áreas dominadas por facções criminosas.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, o objetivo das ameaças era pressionar campanhas e eleitores, além de extorquir dinheiro em benefício do Comando Vermelho, facção da qual Kevin seria integrante ativo. As investigações, iniciadas em agosto de 2024, culminaram na prisão do acusado em 2 de setembro do mesmo ano. O conteúdo apreendido em seu celular revelou troca de mensagens com membros da facção, exibição de armamentos e articulações para influenciar o pleito municipal.
Durante a instrução do processo, realizada em abril deste ano, a Defensoria Pública da União tentou desqualificar as acusações, alegando ausência de provas e que a ameaça não deveria ser considerada séria. O juiz, contudo, refutou a tese e ressaltou que o material apresentado era “robusto e inequívoco”. Depoimentos colhidos durante o processo também confirmaram a participação de Kevin em um núcleo da facção voltado à interferência no processo eleitoral.
Em sua decisão, o magistrado enfatizou que os atos não se limitaram a discursos agressivos, mas integraram um plano sistemático para corromper a democracia por meio do medo. “Não se trata de mera retórica violenta, mas de um plano estruturado para subverter o processo democrático”, concluiu o juiz.