É verdade que obra no fundo do mar em Fortaleza, pode derrubar internet em todo País?

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Empresas alegam que cabos de fibra ótica podem ser rompidos com construção da usina (Foto: EllaLink Divulgação)

Se você escutou falar na última semana que Fortaleza pode ter uma obra que corre o risco de deixar todo o Brasil sem internet, é verdade. A capital do Ceará está no centro de uma polêmica: a construção de uma usina para transformar a água do mar em água doce, pode romper cabos de internet que estão no fundo do mar, e com isso derrubar a conexão de todo o País.

A obra em questão é uma usina de dessalinização, isto é, um processo para retirar o sal e os demais minerais da água do mar para torná-la doce, tal como a água potável. A usina é uma proposta da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

Como o Ceará é um estado carente de chuvas e enfrenta problemas de seca nos açudes, ter água do mar transformada em própria para cozinhar e beber é um verdadeiro sonho. Mas esse bônus tem um ônus: a obra envolve uma etapa no fundo do oceano bem no trecho que está a Praia de Iracema, e essa etapa pode romper com cabos de fibra óptica que são responsáveis por manter a internet do Brasil funcionando.

Entenda os riscos
Esse risco ocorre porque Fortaleza é a cidade do Brasil que tem a maior quantidade de cabos de fibra óptica dentro do mar. De lá, saem cabos que levam internet até Rio de Janeiro, São Paulo, além de outros continentes como África, Europa, América do Norte, América Central e América do Sul. Conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados de todo o Brasil.

Maquete da usina, que fdeve ser construída na Beira Mar, em Fortaleza (Foto: reprodução/Divulgação)

E o perigo existe porque, na etapa da usina de dessalinização, os equipamentos da obra ficam a cerca de 500 metros de distância dos cabos, um fator considerado de grande risco.

A obra da usina está orçada em R$3,2 bilhões e a previsão é que os trabalhos de construção avancem para a Usina começar a operar em 2025. Mas por conta do risco de rompimentos dos cabos, na última semana a Anatel emitiu uma nota afirmando ser contra a obra.

Obra parada
O embate travou o projeto, que agora está parado e deve atrasar em pelo menos seis meses.

De um lado, estão as operadoras de empresa de telecomunicações, que defendem a paralisação do projeto. De outro, está o Governo do Estado do Ceará, que tem a Cagece no seu arcabouço de órgãos, e que é a favor da obra. A Cagece já disse que a questão está resolvida e que a obra não traz nenhum perigo. O próprio governador, Elmano de Freitas, defendeu o projeto.

Enquanto o impasse não é resolvido, os cearenses ficam divididos, entre acessar a internet ou ter água potável, mesmo nos período em que os açudes estiverem secos e os rios comprometidos pela falta de chuvas.