Polícia Civil do Ceará cumpriu mandados de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira (6) contra alvos da investigação de denúncias feitas com a hashtag #exposedfortal. Os agentes apreenderam celulares, computadores e HDs dos suspeitos.
A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que o material foi recolhido dos imóveis alvos da operação e encaminhado para Pefoce para extração de informações e análise do conteúdo dos dispositivos. O órgão não divulgou mais detalhes “para não comprometer o trabalho policial”.
A mobilização virtual com a hashtag #exposedfortal ocorreu pelo Twitter revelando um grupo de estudantes de Fortaleza responsável por compartilhar fotos íntimas de meninas em um grupo de conversas por meio do aplicativo WhatsApp. A hashtag também expôs casos de professores que enviavam mensagens com teor sexual para alunas menores de idade.
O trabalho é feito pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca) e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), segundo o secretário da Segurança do Ceará, André Costa, que divulgou a ação nesta manhã por meio de um tuíte.
As vítimas e colegas das garotas que tiveram suas fotos íntimas expostas publicaram as denúncias pelo Twitter usando hashtag #exposedfortal, que ficou entre os assuntos mais comentados da rede social no país no último dia 22 de junho. Após a repercussão, a Polícia Civil informou que investigaria o caso.
Uma das garotas que teve imagens vazadas relatou ao G1 que o grupo compartilhava as fotos desde 2016.
Composto por garotos e homens jovens, o grupo alimentava a rede social com ‘nudes’ de meninas, em sua maioria, menores de idade. Os suspeitos também utilizavam o espaço para tecer comentários sobre as vítimas, dando notas para as fotos íntimas, e chegavam a ameaçar algumas delas.
Conforme uma das publicações que relata o caso, após receberem as imagens no grupo, alguns integrantes iniciavam um contato diretamente com as vítimas. “Alguns xingavam e chamavam no privado as meninas que tiveram suas fotos íntimas compartilhadas para zoar”, afirma uma das publicações.
Casos desde 2016
De acordo com uma das meninas que se declaram vítima da exposição, o grupo foi criado há cerca de quatro anos. “Era um grupo onde meninos enviavam ‘nudes’ das meninas para os homens. Eles foram descobertos, mas nenhuma menina se pronunciou, pois ficaram com medo, e não deu em nada. Esse ano fizeram um novo grupo, onde vários meninos faziam a mesma coisa”, explica.
Outra jovem afirma ter tido fotos íntimas vazadas. “Em 2016 até 2018, esse grupo espalhava várias fotos íntimas de diversas meninas, não só de Fortaleza. Inclusive um menino espalhou fotos minhas lá também, e agora que o expus ele veio me dizer que tava arrependido pelo o que fez na época”, disse em entrevista ao G1.
A vítima afirma ainda que, após a divulgação das denúncias, os integrantes saíram do grupo. “E desse grupo a maioria dos meninos [denunciados] já participaram. Quando a #exposedfortal começou a repercutir, várias pessoas que ainda estavam no grupo saíram dele pra escapar da situação. Mas quem tava no grupo, mandava sim – fotos de meninas, menor de idade, criança, vídeos”, denuncia.
Conteúdo: G1