Por Wanderley Barbosa: Estou pensando em ser desonesto, mas vou procurar resistir….

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WanderleybarbosaaaaEm suma, eleitores corruptíveis contribuem para a existência e a multiplicação de políticos corruptos e corruptores.

Eleições é a festa máxima da Democracia em um país, mas tem as suas imorais falhas que nos levam a refletir, pelo que tomo a liberdade de dividir com os meus amigos das redes sociais as energias negativas que rondaram o pleito eleitoral em nossa cidade. 

Os recentes acontecimentos divulgados pela mídia, sem pudores, do último pleito eleitoral, foram dignos de registro o tão conhecido e famigerado “mercado livre” dos corruptos e corruptores, uma encenação onde atuou uma boa parte dos políticos. Os candidatos a políticos e a maioria dos eleitores, com atitudes que já viraram uma “cultura”, aceitam de forma pacífica por toda a nossa sociedade brasileira, a velha e conhecida “compra de votos.” 

A imprensa tem divulgado, diariamente, noticias referentes às condutas reprováveis dos políticos sediados, principalmente, em Brasília e sempre com um maléfico tempero, a corrupção, que tira dos mais humildes a oportunidade de sentir menos dores e, ao mesmo tempo, faz com que se derrame mais lagrimas, devido à falta de escrúpulos dos nossos representantes, e, é claro, também de uma grande parte dos nossos eleitores. 

Quem vivencia uma eleição tem a dificuldade de entender a atual relação existente entre os eleitores e os políticos corruptos de plantão, que surgem do nada, somente na época das eleições, e são atraídos também por eleitores desprovidos de caráter, a somatória dessas energias negativas resulta na consequência mais visível, a tão conhecida falta de remédios nos hospitais e postos de saúde de bairros e distritos, a falta de saneamento básico, de boas escolas, etc. e curiosamente a dignidade desses eleitores são anuladas e colocadas na lata do lixo social, por causa de míseros reais ou promessas vazias. 

Agora, me pergunto: com quem devo ficar mais indignado, com o nível de hipocrisia da maioria dos nossos políticos ou com o estado de alienação da grande maioria dos eleitores brasileiros, que, mesmo dispondo de farto material de informação sobre os políticos corruptos, através do rádio, da TV e das redes sociais, continuam a votar nessa chusma de aproveitadores? 

Mas existe outra curiosidade social de minha parte, digna de um estudo mais aprofundado. A minha categoria, a imprensa, tem a mania de só criticar os políticos, tratando o potencial eleitor como vítima inocente, e não como de fato é: pessoa tão corrupta e interesseira quanto o político corrupto e corruptor, pois basta você ter um adesivo em seu carro com o nome de um candidato para dar início a um verdadeiro imoral “leilão do voto”. 

O fato é que, com algumas exceções, a imprensa, assim como os eleitores brasileiros, só reclama de alguns dos políticos corruptos pelo fato de não estarem se beneficiando do poder, ou alguém de seus laços familiares. Para constatar isso, basta analisar a forma como as pessoas se calam quando são beneficiadas pela cultura de troca de favores ou de dinheiro, tão comum no Brasil. Elas se revoltam com os casos de nepotismo denunciados pela imprensa, mas não encontram problema algum ao buscarem o apoio de políticos, para que, através do jogo de influências, sejam beneficiadas com um cargo comissionado ou algum outro privilégio para si e para os parentes. O problema só existe, com uma boa parte dos nossos eleitores, quando eles são deixados de fora, quando a festa acontece e não são convidados para se refestelarem no banquete governamental. 

Em suma, eleitores corruptíveis contribuem para a existência e a multiplicação de políticos corruptos e corruptores. Há um problema sério de moral no nosso país, no qual estão envolvidos tanto os políticos, quanto uma boa parte dos eleitores. Para comprovar isso, basta participar de uma eleição como candidato que você verá, a cada minuto, de forma escancarada, eleitores querendo arrancar dos candidatos, a qualquer custo, um saco de cimento, uma carrada de tijolo, o pagamento de uma conta de água ou luz, de uma prestação da moto, de uma garrafa de cachaça, de uma passagem de ônibus, de uma bola, de um terno de camisa, etc. 

Precisamos apostar nas crianças, inserindo no currículo escolar aulas de cidadania, mostrando a grande importância que tem um voto, que tem o poder de definir o bem-estar de uma cidade e dos seus habitantes. Precisamos doutrinar o que significa um vereador, um prefeito, um deputado, um governador e o presidente de um país, figuras importantes dentro de um regime democrático. Se não apostarmos na educação, corremos grandes riscos do poder econômico sempre eleger péssimos representantes, e passaremos quatro anos só reclamando e vendo repetirem-se as mesmas cenas no próximo pleito eleitoral, até que um dia apareça alguém e aposte em colocar na escola a disciplina de cidadania. 

Parabéns para todos os prefeitos e vereadores que foram eleitos honestamente! 

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa). 

Wanderley Barbosa
Radialista / Jornalista

A opinião é exclusivamente do autor

 

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