Coluna Amadeu Filho: Shirlley Brasil – caminhando e cantando seguindo a missão de ser artista

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Shirlley Maria Cavalcante Vasconcelos é bastante conhecida em Quixadá (foto: arquivo pessoal)

Ali pelo final dos anos 70(século passado) a menina Shirlley Maria Cavalcante Vasconcelos chamava muito a atenção da mãe Verônica e do pai José Élcio pelo fato de gostar muito de roupas com desenhos, cores e, imaginem, já pedia aos pais coletes de couro ou jeans, vestidinhos de babados e estampas florais e queria dançar e dançar muito. O visual daquela criança já denunciava que naquele lar nasceu uma artista. E aquela feliz casa fervia todos os dias com Shirlley cantando e dançando imitando as cantoras que faziam sucesso na época.

A artista estudou no Colégio das Irmãs(foto: arquivo pessoal)

Já crescidinha, adotou como musa a cantora Gretchen, a eterna rainha do rebolado. Não havia mais dúvida nenhuma que ela se tornaria em questão de tempo uma cantora, dançarina e até atriz. Na verdade, é filha de pessoas que eram ligadas a música. Sua mãe, Verônica, foi uma sanfoneira de muitos talentos tendo sido premiada em diversas ocasiões e o pai é um exímio violonista. Mesmo sabendo que aquela criança tinha pendores para as artes, os pais se preocupavam com a sua educação e toda a infância e parte da adolescência foi estudando no Colégio das Irmãs onde passou a ter aulas de música, inclusive noções de piano com a irmã Teresinha.

Durante algum tempo foi uma das vozes da banda “Remelexo”.(foto: arquivo pessoal)

Naquele espaço, a menina já organizava shows, peças de teatro e se revelava como bailarina chamando a atenção de professores e colegas de classe. Shirlley não esquece das colegas da Escola como Mazé, Aurevanda, Astrid, Rosiane, Loura, Marúsia, Fabíola Magalhães e de todas as outras. Quando não se apresentava no seu local de estudo organizava shows na própria residência e sempre contava com o apoio dos pais. O tempo foi passando e passou a se apresentar ainda na adolescência nos clubes e outros locais da cidade. A menina se tornava uma sensação apesar da pouca idade. Atraía não só a atenção do público local mas de artistas consagrados que se apresentavam na terra dos monólitos. Um exemplo disso foi o famoso rei do carimbó e sirimbó, Pim, consagrado astro paraense que visitava Quixadá e ficou encantado com a desenvoltura daquela adolescente no palco, a voz convincente e a forma como se apresentava com uma dança rebolativa e trajes prá lá de coloridos.

“As Popozudas” que realizava shows e sempre com casas lotadas em todo o sertão central.(foto: arquivo pessoal)

Nos anos 80, a Rádio Monólitos promovia shows em diversos bairros e o público formado por jovens e muitas crianças esperavam o momento do radialista Helton Dantas anunciar a presença de Shirlley. Ela foi convidada várias vezes para seguir a carreira em Fortaleza mas por ser ainda menor de idade ficou até a maioridade na cidade em que nasceu. Chegou a realizar algumas apresentações na capital, mas retornava depois das apresentações.

A artista foi matéria de jornal (foto: arquivo pessoal)

Ao completar 15  anos de idade foi convidada pelos músicos Didi Barros e Ferreira para ingressar na famosa “Black Banda” que além do aprendizado musical ao conviver com tantas feras, serviu também para torná-la conhecida e aplaudida em várias cidades. Em Canindé a artista conquistou admiradores de todas as idades. Mesmo depois de sua saída da famosa banda, ela continuou indo se apresentar várias vezes na terra de São Francisco por exigência do público. Durante algum tempo foi uma das vozes da banda “Remelexo”.

No grupo “Banda azzul” permaneceu por sete anos(foto: arquivo pessoal)

Conquistou definitivamente o público infanto-juvenil e o adulto também ao realizar shows como a Xuxa Cearense lotando os principais clubes e praças de várias cidades, incluindo Fortaleza. Até os dias atuais, ela detém um imenso carinho dos baixinhos que sempre lhe deram forças para seguir nos momentos cruciais porque passam todos os artistas.  Ela estava realmente decidida a seguir na carreira musical. Em Canindé passou a conviver com os músicos da banda “XIS SOM” que a convidaram para fazer parte do grupo.  Esta banda já era bastante conhecida na capital realizando apresentações muitas vezes nas principais praias que atraiam muita gente.

Os componentes da consagrada banda “Alta Tensão” ficaram encantados com a apresentação daquela jovem(foto: arquivo pessoal)

Numa das apresentações que aconteceu na barra do Ceará, exatamente no “Forró do Tio”, a jovem artista quixadaense atraiu a atenção não só do público mas de profissionais ligados ao mundo da música. Os componentes da consagrada banda “Alta Tensão” ficaram encantados com a apresentação daquela jovem e a convidaram a ingressar na consagrada banda. O proprietário, Fernando, via naquela esforçada mulher uma pessoa de muito talento e  que precisava conquistar mais espaços.

Shirlley Brasil lançou dois discos(foto: arquivo pessoal)

Naquele momento,  tinha como grande musa a pop star Madona e dentro do possível fazia uso de um visual que de alguma forma pudesse lembrar a estrela mundial. É sempre bom lembrar que Shirlley não apenas cantava mas levava para os palcos uma dança provocante o que a diferenciava de outras cantoras.

Certa noite, quando se apresentava no “Oba Oba“, um dos clube mais badalados naqueles anos, o consagrado empresário Miro Teixeira lhe fez o convite para gravar o tão sonhado primeiro disco solo que teve a produção do seu colega José Orlando. A gravação aconteceu em Belém e ela teve o total apoio de Alipio Martins que sempre acreditou muito nela. A faixa que mais foi executada nas rádios do Norte e Nordeste foi “Vamos Mambolar” que tornou possível a cantora ser conhecida em toda a região. Depois deste momento, passou a cuidar da carreira solo deixando de lado por algum tempo a sua participação em grupos musicais.

 Com muito sacrifício chegou a gravar o segundo disco que não teve a mesma repercussão do primeiro como reconheceu a própria artista. Mesmo com tantas possibilidades de crescer na carreira artística, resolveu voltar para a cidade em que nasceu e que tanto ama. Logo se integrou ao grupo “Banda azzul” onde permaneceu por sete anos com apresentações em muitas cidades do Ceará e de outros estados. Teve então o reconhecimento dos músicos e do público como cantora de banda e sempre aprendendo ao lado de nomes de reconhecida relevância no cenário artístico.

Ao completar 15 anos ingressou na famosa “Black Banda”(foto: arquivo pessoal)

É bom lembrar que a artista quixadaense realizou apresentações fora do Brasil e era bastante popular na Venezuela e Colômbia onde se apresentou diversas vezes sempre recebendo o carinho do público daqueles países vizinhos. Teve passagens pelos grupos musicais “Pau de Arara” e “Dom Ratinho“. Algum tempo depois montou o grupo “As Popozudas” que realizava shows e sempre com casas lotadas em todo o sertão central. Trajando calças justíssimas, barriga de fora, muito jeans, as meninas dominaram por muito tempo a cena artística local. A artista não parava e com o fim das “Popozudas” passou a se apresentar ao lado de colegas como Serginho e Ézio, “Musical Bil Pop“, Evandro dos teclados, Zé Raimundo dos teclados. E finalmente, chegou o momento de montar seu próprio grupo musical e atualmente temos “Shirlley Brasil“. Ela continua em plena atividade e certamente conquistou nova e imensa legião de fãs neste novo momento de seu trabalho artístico.

Seu segundo disco não foi tão visualizado como o primeiro (foto: arquivo pessoal)

Um detalhe que merece ser destacado é o fato de Shirlley em todas as fases de sua carreira sempre ter como companhia a sua mãe Verônica Vasconcelos, a quem chama de guerreira pois sempre deu o apoio necessário para que a filha conquistasse seu espaço no competitivo mundo da música. Minha mãe sempre foi uma mulher de fibra e que faz de nós, os seus filhos, a sua grande razão de viver, afirma com emoção a artista.

Shirlley acredita que veio a este mundo para pertencer ao mundo das artes e o sonho de ser cantora vem desde a infância. Persistência até demais ela sempre teve e enfrentou com coragem os desafios e uma vontade enorme de conseguir seu espaço. Na atualidade,  concentra sua carreira na terra dos monólitos e continua mantendo um grande número de admiradores e quer cantar enquanto Deus permitir como afirmou para a reportagem. Realmente, não há como negar, Shirlley é uma das artistas mais populares e talentosas da terra dos monólitos. Querida como artista e ser humano.

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Autor

Amadeu Filho
Colaborador da RC
Colunista
Radialista Profissional