Coluna Amadeu Filho: José Barreto, mais um talento de Quixadá para o Brasil

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jose_barreto_1José Barreto, atualmente, mora em Fortaleza e continua sendo requisitado por intérpretes e, vez por outra, realiza apresentações.

Numa linda noite, primeiros anos da década de 70, um grande número de quixadaenses, em especial, os mais jovens, foi até a praça Dr. Revy (hoje, José Linhares da Páscoa) para um grande acontecimento de natureza artística. Os garotos da época, em sua grande maioria, enchiam aquele espaço de uma doce juventude com suas calças “boca de sino”, alguns de cabelos longos e os, mais moderninhos, o extravagante cabelo “Black Power”. Aqueles, mais comportadinhos, cabelo bem molhado e aquele cheirinho de “trim”. E lindas quixadaenses, cheias de graça, franjas indo até as barras da camiseta, tornavam possível aquele ar com ares de romantismo e, claro, a presença de um certo “glamour” naquele espaço da cidade.

Parte das famílias também comparecia à praça, com um bom número de pessoas, integrantes das famílias de funcionários do “Banco do Brasil”. Parecia mesmo uma “festa de arromba” com lindos carros, maravilhosos, como, por exemplo, Opala, Passat, Chevette, Brasília. Naqueles anos havia um aparelho de televisão instalado na praça Dr. Revy, o que atraía parte da população. Mas, naquela noite, o grande número de pessoas compareceu para acompanhar a apresentação do cantor, então, muito popular na época, Roberto Muller que iria se apresentar num famoso programa televisivo,  uma canção do bancário e talentoso compositor, coisa nossa, José Barreto.

Assim que terminou a missa da Catedral, celebrada pelo Pe. Willian Terence, todos voltaram às atenções para aquela TV, em preto e branco. E a melodia da doce canção “Volta meu Amor”, invadiu a praça e os corações. Ao final da apresentação, aplausos para José Barreto, um quixadaense, agora, da gravadora “CBS”, divulgando Quixadá para o Brasil e o mundo.

jose_barreto_2O irmão do compositor, Mon’talverne  Barreto, não conseguia controlar a emoção e repetia novamente a canção, pois havia feito a gravação num moderno(à época), gravador “National”, que ele conduzia, sempre consigo. Na verdade, naquele momento, muitas famílias já contavam com um aparelho de “TV” em casa, mas queriam, é bem verdade, realizar uma homenagem pública ao compositor.

Em pouco tempo, a canção ganhou a preferência, não só dos filhos da Terra dos Monólitos, mas conquistou todo o Brasil. Aqui, na doce terrinha, “Volta Meu Amor”, tocava nos alto falantes dos parques de diversões, invadia os ares e passeava pelos belos monólitos que pareciam também se apaixonar. Pessoas que passavam pela Rua Rodrigues Junior, onde se localiza a sede do banco, ouviam a canção do Barreto que ele mesmo colocava numa pequena radiola. E muitos comentavam a beleza da canção.

Como ainda não tínhamos nossa emissora de rádio, os carros de publicidade do Sinval Carlos e do Carmélio Queiroz cuidaram da divulgação do evento. Lojas da cidade como a “Zélia Modas” e as “Casas Pernambucanas” apoiaram esta manifestação pública. Nesta última, o locutor Manuel, na porta de entrada, divulgava não apenas os artigos para um Natal feliz, mas também o lançamento do compositor quixadaense.

jose_barreto_3José Irismar Lopes Barreto, seu verdadeiro nome, ganharia o Brasil e o respeito da crítica ao ter sua composição “Assim Seja” gravada pelo grupo “Super Quentes”, em 1973. Um detalhe que merece registro, certamente, é o fato de ser a única gravação brasileira, pois o restante do disco só continha versões de canções em língua inglesa. A gravação fez tanto sucesso que o público a chamava de “noivinha da igreja”.

Nas principais praças de nossa cidade, jovens faziam mil juras de amor e aumentavam o rendimento do “Serviço de Alto Falantes Solon Magalhães”, comandado pelo mestre Adolfo Lopes, pois eram grande o número de mensagens daquele tipo de dedicatória, ou seja, “Não diz o nome para não fazer confusão”.

José Barreto, em determinado momento, resolveu gravar suas próprias composições, tendo lançado os discos: Arco Íris”, “Diébano”. Ele, desde criança, estuda a língua inglesa e chegou a gravar canções dos “Beatles”, “Frank Sinatra” e outros nomes da canção mundial.

O artista é filho do benfeitor quixadaense, Percílio Barreto e de Francisca Bezerra, irmão de Maria Lucina, Osmarina, Leucina, Mon’talverne Barreto, Carmésio, Teresinha, Nereu e da talentosa poetisa Rita de Cássia(Ritinha). José Barreto entrou no “Banco do Brasil” no ano de 1954, na cidade do Crato, mas não demorou muito a vir trabalhar na sua querida terra dos monólitos. É bom lembrar que as suas composições, eram bastante prestigiadas pelos estudantes quixadaense dos anos 70 e 80. Uma de suas criações, “Mundo Sem Razão”, estava na boca e mentes dos jovens de então. A canção protestava contra uma sociedade que enaltecia o poder, o dinheiro e exaltava a paz, o amor entre as pessoas.

De sua biografia, consta uma apresentação no programa “A Grande Chance”, apresentado pelo consagrado jornalista Flávio Cavalcante, no ano de 1972. O júri, no entanto, não aprovou a canção “Volta Meu Amor”. Mas, valeu como aprendizado, assegura o astro quixadaense.

José Barreto, atualmente, mora em Fortaleza e continua sendo requisitado por intérpretes e, vez por outra, realiza apresentações nos clubes e na televisão. Agora, que elaboramos esta matéria nostálgica e apresentamos José Barreto as novas gerações de quixadaenses, vamos colocar o disco na vitrola(ou curtir no You Tube) e cantar: “Eu vou roubar a noiva da igreja e se estou gamado, assim seja!

Na realidade, Barreto nunca pensou em ‘roubar’ a noiva de ninguém, mas conquistou, com certeza, uma legião de admiradores que continuam a ouvir suas belas criações.

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Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
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